Pazuello diz a aliados que foi pressionado por Lira e Ramos para liberar verbas
Ex-ministro da saúde afirmou que valores haviam sido negociadas pelo governo em troca de apoio no Congresso Nacional
O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello , teria dito a aliados que foi pressionado pelo presidente de Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), e pelo então secretário de governo e atual ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, a liberar verba da saúde para partidos do Centrão no fim do ano passado . A informação foi publicada pelo jornal Folha de S. Paulo , neste sábado (03).
Pazuello contou que os valores seriam de sobras do Orçamento de 2020 no ministério e fazia parte do acordo entre o Palácio do Planalto e partidos para apoio no Congresso Nacional. A aliança ajudou na eleição de Lira e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para as presidências da Câmara e Senado, respectivamente.
A polêmica, segundo o jornal, começou quando o ex-ministro recebeu uma lista com estados e municípios que deveriam receber cerca de R$ 800 milhões em verbas de emendas de relator, valores indicados por parlamentares para redutos eleitorais. No entanto, a pasta chefiada pelo general não teria empenhado o dinheiro.
Pazuello ainda teria insinuado que Lira foi pivô de sua saída do Ministério da Saúde. O presidente da Câmara teria pressionado Bolsonaro por sua demissão após o ocorrido.
Em coletiva após pedir demissão, Eduardo Pazuello afirmou que não teria liberado valores para políticos e ainda acusou parlamentares de quererem "pixulé".
"Chegou no final do ano uma carreata de gente pedindo dinheiro politicamente. O que fizemos? Distribuímos todo o recurso do ministério. Foi outra porrada, porque todos queriam um pixulé no final do ano", afirmou na época.
Após a saída do general, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu com Lira para discutir os trâmites e possíveis indicações. O centrão indicou Ludhmilla Haijar, que recusou o convite. Após negociações, Bolsonaro escolheu o médico Marcelo Queiroga para assumir o posto.
O iG tentou contato por telefone com Arthur Lira, mas não atendeu as ligações. À Folha , o presidente da Câmara negou ter pressionado Pazuello por verbas e disse que cobrou o ex-ministro apenas para compra de vacinas.