Bolsonaro usa fala de condenado do mensalão para dizer que não rouba no governo
Publicação também tem trecho de entrevista editado em que presidente critica FHC por abafar CPI
Em um vídeo compartilhado em suas redes sociais como um alerta de que o "caos bate na porta dos brasileiros", o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) usou uma declaração de Roberto Jefferson , ex-deputado federal e um dos pivôs do escândalo do Mensalão, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo Supremo Tribunal Federal, para destacar que seu governo "não rouba e não deixa roubar".
A abertura do vídeo é o trecho de uma entrevista
concedida por Bolsonaro em maio de 1999. Na ocasião, Bolsonaro denuncia a corrupção
e afirma que não existe exemplo no Brasil
de honestidade. O trecho, porém, foi editado: pouco antes, Bolsonaro critica o então presidente Fernando Henrique Cardoso
de querer abafar a CPI
dos Bancos.
Em outros trechos da entrevista, que também não aparecem no vídeo, o presidente defende o fechamento do Congresso Nacional e a morte de 30 mil pessoas, começando pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.
A publicação contém imagens do presidente que vão desde os seus tempos de deputado, em 1999, até discursos de Bolsonaro na presidência.
No início do vídeo, é utilizada parte de uma entrevista concedida por Roberto Jefferson. Atualmente, o ex-deputado federal, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no Mensalão, é um dos aliados do presidente.
"Ele é representante do povo. Ele é o chefe do Estado, ele é o chefe do governo e ele tem honrado o que ele disse na campanha: eu não vou roubar e não vou deixar roubar", afirma Jefferson no trecho compartilhado por Bolsonaro.
O vídeo ainda mostra as imagens do dia em que o presidente sofreu um atentado em Juiz de Fora, no dia 6 de setembro de 2018, e do dia em que foi eleito para a Presidência. Também foram incluídas imagens com líderes internacionais, como o ex-presidente dos Estados Unidos , Donald Trump, e o atual presidente da Ìndia , Narendra Modi.
Por alguns segundos, também aparece uma imagem do presidente ao lado do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro , que deixou o governo acusando Bolsonaro de tentar interferir na Polícia Federal.
Na descrição da publicação, compartilhada nas redes sociais, Bolsonaro afirmou que, se não tivesse vencido a eleição, a liberdade da população não existiria mais. Por outro lado, afirmou que a população vive hoje uma "amostra do que é o comunismo e quem são os protótipos de ditadores" em referência às medidas de distanciamento social adotadas por governadores e prefeitos para conter a pandemia da Covid-19.
"Cada vez mais a população está ficando sem emprego, renda e meios de sobrevivência... o caos bate na porta dos brasileiros. Pergunte o que cada um de nós poderá fazer pelo Brasil e sua liberdade e... prepare-se", escreveu Bolsonaro.