Uma das principais líderanças indígenas do Alto Xingu morreu nesta quarta-feira (5) pela Covid-19 , doença causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). A vítima foi o cacique Aritana Yawalapiti, de 71 anos. Ele foi internado há duas semanas em um hospital em Goiás depois de ter sintomas como tosse, cansaço e falta de ar.
A morte de Aritana foi confirmada pela família e pelo médico Celso Correia Batista, que atende os indígenas daquela região nas aldeias. Ele também foi o responsável por levar Aquitana ao hospital após ele começar a ter os sintomas da Covid-19. Por meio de nota, os parentes do cacique agradecem as condolências que estão recebendo.
Antes da internação, Aritana chegou a ser levado Canarana, em Mato Grosso. Lá ele fez um tomografia, que mostrou que ele estava com 50% dos pulmões comprometidos. Naquela ocasião, a avaliação dos médicos é que ele já estava com a Covid-19.
Depois disso, houve uma tentativa de fazer uma transferência áerea de Aritana para um hospital com Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Como nenhum médico quis se responssabilizar pelo transporte, no entanto, por conta de ele estar em um estado grave, as tentativas não deram certo mesmo depois de dois dias.
Aritana só conseguiu ser atendido de forma adequada depois que Batista o levou até Goiânia em uma viagem de nove horas de carro. Ele teve que passar a viagem com cilindros de oxigênio para conseguir sobreviver.
“Aritana Yawalapiti tinha 71 anos e foi uma das maiores e mais antigas lideranças do Alto Xingu. Ele era um dos últimos falantes do idioma tradicional de seu povo, o yawalapiti, mesmo nome da etnia. Além de guardar a memória de sua língua natural, Aritana também falava português e outros quatro idiomas tradicionais indígenas”, disse a família do cacique em nota.
Uma das lideranças mais tradicionais da região, Aritana trabalhou com os irmãos Villas-Bôas para a criação do Parque Nacional do Xingu.