Ao ser questionado na manhã deste sábado sobre o fechamento dos hospitais de campanha do Rio, o governador Wilson Witzel (PSC) afirmou que isso deveria ser perguntado ao secretário de Saúde do estado, Alex Bousquet. Witzel deu a declaração durante um evento na Ceasa, em Irajá, na Zona Norte do Rio. Ao chegar na central de abastecimento, o governador foi vaiado por trabalhadores, que também entoaram gritos de "ladrão", e recebeu poucos aplausos de apoiadores. Os pacientes dos hospitais de campanha começaram a ser transferidos para outras unidades nessa sexta-feira.
"Isso que você tem que perguntar para o secretário de saúde. Tudo que fiz como governador para resolver o problema da pandemia foi pautado na opinião de especialistas. Nossa secretaria de Saúde investiu 12% do orçamento, no ano passado, e o percentual será superado este ano. Se compararmos os investimentos e o que está sendo apurado agora de irregularidade, o número apontado é menor do que a imprensa mostra", disse o governador, ao visitar a Ceasa de Irajá.
Witzel, que está sendo investigado por desvios de verba pública na Saúde e enfrenta um processo de impeachment na Assembleia Legislativa do Rio, afirmou que os hospitais de campanha são problemas da secretaria de Saúde:
"Se eu tiver que tomar medidas para responsabilizar quem tomou decisão errada, vou buscar outros especialistas. Quando fazemos um plano, existe sempre a possibilidade de erro. Fazendo uma avaliação da política de saúde, vislumbro que acertamos muito mais que erramos. E o que foi feito de errado tem que ser corrigido", disse.
Ao discursar para os comerciantes e apoiadores, o governador se exaltou ao se defender de acusações que vem recebendo:
"Eu não tenho apego a bens materiais. Pelo amor de Deus, entendam isso. Eu não tenho apego a carro, nem carro eu tenho. Não tenho apego a avião, jato. Não tenho apego a dinheiro. O único tesouro que me interessa e eu quero levar para o meu túmulo, deixar para as próximas gerações, ninguém vai tirar de mim. São princípios que meu pai me deu, minha mãe me deu e minha igreja me deu: a honestidade", afirmou Witzel.
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Witzel esteve na Ceasa para assinar um termo de compromisso garantindo que a central não será transferida de Irajá para Duque de Caxias. De acordo com o governador, a polêmica sobre a transferência do Ceasa Grande Rio para Caxias se encerra hoje. Ele afirmou que o projeto de uma nova central de abastecimento na Baixada Fluminense fica para o futuro.
"Bem no início do governo recebemos diversos projetos, de toda ordem. O projeto da Ceasa em Caxias é para o futuro. Esta Ceasa daqui não sai, é o povo que pede. Dentro das políticas públicas que planejamos para esse ano, tínhamos a previsão de investimentos na ordem de R$ 100 milhões para turismo e agricultura, que não foram executados por conta do isolamento social", disse.
E completou: "Para 2021, como nosso isolamento foi bem feito e o Rio está entre os estados com declínio de contágio, esses recursos poderão ser aplicados, e teremos uma volta da economia pujante. Nossa previsão é de aumento da produção. Não haverá necessidade de tirar de um lugar para outro. Teremos que ter mais postos de abastecimento. Durante muito tempo a agricultura foi considerada um patinho feio no estado", complementou.
Há 46 anos funcionando em Irajá, o principal entreposto fluminense corria risco de trocar de endereço, por sugestão do prefeito de Caxias, Washington Reis, que quer levar o Ceasa para a cidade da Baixada. Com uma circulação de mil caminhões, dez mil carros e cerca de 60 mil mil pessoas por dia, o centro atacadista comercializou R$ 4,5 bilhões em hortifrutigranjeiros e cereais, em 2019.
O argumento de Washington Reis é que Duque Caxias está melhor situada, para receber as mercadorias e escoar a produção. A gestão do novo espaço sairia do governo estadual e passaria para uma concessionária. Mas comerciantes do Ceasa, produtores e moradores de comunidades do entorno são contrários a transferência. Os dirigentes da Associação Comercial dos Produtores e Usuários da Ceasa explicaram isso ao governador.
Eles contam com apoio de políticos como os deputados estaduais Val Ceasa (Patriota) e Dionísio Lins (PP). Val tem um boxe no mercado e acompanhou a visita de Witzel, interessado no momento em cada voto favorável na Alerj.