BRASÍLIA — Neste sábado, o governo admitiu que cometeu erros na contagem de pontos de candidatos que realizaram o Exame Nacional do Ensino Médio ( Enem ) em 2019. Mais de 3,9 milhões de pessoas participaram da prova, considerada uma das mais importantes para quem pretende ingressar no ensino superior.
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As estimativas do próprio governo sobre a quantidade de pessoas prejudicadas variam entre 9 e 30 mil pessoas, mas o tamanho do problema ainda é incerto.
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Confira algumas perguntas e respostas sobre a crise no Enem.
Quando as falhas começaram a ser detectadas?
As falhas começaram a ser reportadas em redes sociais por alunos de Viçosa, em Minas Gerais, na noite de sexta-feira. Eles alegavam que, apesar de terem acertado muitas questões, suas notas estavam surpreendentemente baixas. Inicialmente, uma das explicações dadas foi a de que a discrepância nas notas se devia à metodologia de correção, chamada Teoria de Resposta ao Item (TRI), que confere pesos diferentes às questões, o que permite que alunos que acertaram o mesmo número de questões tivessem notas diferentes.
O que o MEC e o Inep fizeram a partir das reclamações?
Segundo o Inep, a partir das queixas nas redes sociais e pelo 0800 do órgão, foi montada uma espécie de força-tarefa envolvendo o Inep, a Cesgranrio, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a gráfica responsável pela impressão das provas, a Valid S.A, para tentar identificar a origem dos erros. De acordo com o Inep, os órgãos estão checando a base de dados do Enem 2019 em busca de inconsistências na correção das provas.
O erro aconteceu em qual dos dois dias de prova?
O Inep afirma que o erro ocorreu no segundo dia de provas.
Qual foi o erro encontrado pelo MEC e pelo Inep?
Segundo o Inep, o erro foi cometido pela gráfica Valid S.A. Cada candidato faz uma prova de uma cor. Seu gabarito tem a mesma cor da prova. O erro teria ocorrido no momento em que a Valid S.A transmitiu as informações sobre a prova e o gabarito para o Inep. Neste momento, um aluno que fez uma prova da cor azul (exemplo hipotético) teve sua prova corrigida contra um gabarito da cor verde (exemplo hipotético). Essa discrepância entre as cores da prova e do gabarito teria causado o erro.
Quantos casos concretos já foram localizados?
Até o início da tarde de sábado, apenas quatro casos concretos haviam sido identificados pelo Inep. Todos eles na cidade de Viçosa, em Minas Gerais.
Qual a estimativa sobre o total de prejudicados?
O presidente do Inep, Alexandre Lopes, disse estimar que menos de 1% do total de 3,9 milhões de candidatos pode ter sido prejudicado com a falha. Em números absolutos, estima-se que entre 9 e 30 mil candidatos possam ter sido afetados, mas o governo ainda não tem um número fechado sobre o assunto.
O que o candidato que se sentir prejudicado deve fazer?
O Inep informa que criou um e-mail para atender candidatos que se sentirem prejudicados em suas notas: [email protected] . O órgão pede que os candidatos informem os seus nomes completos e o CPF para que as provas sejam checadas pela equipe técnica do Inep. O contato também pode ser feito via telefone, pelo número: 0800-616161.
Qual o impacto disso para o calendário do Sisu?
A resposta ainda é incerta. O Inep disse que o calendário de abertura do processo do Sisu está mantido para a terça-feira (21). O Sisu utiliza a nota do Enem como critério para o ingresso em universidades públicas. O órgão disse ainda que pretende finalizar a identificação dos casos em que houve erros na correção das provas até a segunda-feira. Entretanto, não se sabe se o Inep conseguirá finalizar esse trabalho antes do início da abertura do Sisu.