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Deputado e líder do PSL na Câmara, o parlamentar sugeriu o retorno do período mais duro da ditadura caso haja "uma radicalização da esquerda"

Deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) arrow-options
Roberto Casimiro/Fotoarena/Agência O Globo
Eduardo Bolsonaro sugeriu retorno do período mais duro da ditadura militar contra movimentos de esquerda

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, afirmou, nesta quinta-feira (31), que a declaração do deputado federal Eduardo Bolsonaro ao sugerir um retorno do AI-5  é um "flerte inaceitável com exemplos fascistas e com um passado de arbítrio ". Segundo Santa Cruz, a fala do parlamentar deixa claro um "projeto verdadeiramente autoritário da família Bolsonaro".

"A visão deles de ruptura democrática está cada vez mais clara. Deram uma sinalização, publicizaram o projeto. Constroem isso através do Executivo e tentam, cotidianamente, fragilizar a imprensa e a OAB, órgãos que não são cúmplices do pensamento autoritário", criticou Santa Cruz.

Em entrevista à jornalista Leda Nagle, publicada no Youtube na manhã desta quinta-feira, o filho do presidente Jair Bolsonaro afirmou que, caso haja uma radicalização da esquerda, a resposta pode ser via "um novo AI-5".

"Vai chegar um momento em que a situação vai ser igual a do final dos anos 60 no Brasil, quando sequestravam aeronaves, quando executavam-se e sequestravam-se grandes autoridades, consules, embaixadores, execução de policiais, de militares. Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E a resposta, ela pode ser via um novo AI-5, via uma legislação aprovada através de um plebiscito, como aconteceu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada", afirmou Eduardo.

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Na entrevista, Eduardo caracterizou a esquerda como um "inimigo interno" e disse esperar não chegar ao ponto de um novo AI-5.

"É uma guerra assimétrica. É um inimigo interno de difícil identificação aqui dentro do país."

Segundo Santa Cruz, não há inimigo oculto, mas sim um "manual de autoritarismo" seguido pela família Bolsonaro.

"O autoritarismo é, por natureza, paranoico. Falam que tudo é uma perseguição. (o governo) é baseado em uma paranoia sem fundamento. É uma estratégia para medir a tempetarura, um morde e assopra para verificar até onde vai essa aceitação do projeto autoritário da família. É por isso que as instituições devem dizer não, que a ruptura não está autorizada."

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Para a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a "apologia à tortura e à quebra da institucionalidade democrática configura crime". Segundo o vice-presidente da instituição, Cid Benjamin, o país está diante de uma "manifestação de uma viúva da ditadura".

"Mas é bom que se convençam de uma vez por todas que qualquer tentativa de reviver os anos de chumbo do AI-5 vai ser derrotada pela resistência da sociedade brasileira em defesa da democracia", afirmou.