O vice-presidente Hamilton Mourão minimizou nesta terça-feira(19), o atraso na distribuição de vacinas contra Covid-19 feita pelo Ministério da Saúde. Ele disse que a gestão do ministro Eduardo Pazuello tem "pontos a favor e pontos que são contra", mas não entrou em detalhes.
Perguntado se as críticas a Pazuello na condução da política de enfrentamento à doença poderiam atingir as Forças Armadas, já que o ministro é um general da ativa do Exército, Mourão respondeu:
"Apesar do ministro ser um oficial general do Exército da ativa, mas independente do cara estar na ativa ou na reserva, qualquer militar sempre é visto como representante das Forças. E a situação do ministro Pazuello, como ministro da Saúde, ele vem procurando as melhores soluções para essa crise da pandemia e óbvio que isso tem pontos a favor e pontos que são contra a gestão dele", disse Mourão.
Pazuello negou que a distribuição das vacinas tenha dado errado. A previsão inicial do Ministério da Saúde era iniciar a campanha amanhã. Na segunda, a pedido dos governadores, a medida foi antecipada, mas houve atrasos no novo cronograma, pelo qual a imunização começaria ontem. Pazuello creditou a demora na entrega de vacinas a "mudança de logística" por pedido de governadores .
"Eu acho que não deu errado. Vamos lembrar o que o ministro já tinha falado algumas semanas atrás: que a partir do momento que a vacina fosse aprovada, se levaria de dois a três dias para que ela tivesse colocada em todos os pontos do Brasil. O que aconteceu foi que ficou aquela expectativa de que da noite para o dia ia chegar no Acre e no Rio Grande do Sul ao mesmo tempo. É complicado. E vamos lembrar o que ele tinha falado anteriormente. Tanto que a linha de ação é que a vacinação só começasse amanhã. Seria exatamente esse prazo de dois a três dias", afirmou o vice-presidente.
Questionado se Pazuello acabou cedendo a pressões para antecipar a distribuição, Mourão disse que não, mas acrescentou que há uma exploração política no caso. De qualquer forma, ele disse que o fundamental é conseguir produzir doses em larga escala no Brasil e vacinar 70% da população até o fim de 2021.
O vice-presidente também minimizou as declarações do presidente Jair Bolsonaro, que, na segunda-feira disse que "quem decide se um povo vai viver na democracia ou na ditadura são as suas Forças Armadas" .
"O presidente já tocou nesse assunto várias vezes. É óbvio que se você tiver Forças Armadas indisciplinadas ou comprometidas com projetos ideológicos, a democracia fica comprometida, né. Não é o caso aqui do Brasil, obviamente. Mas nós temos o nosso vizinho, a Venezuela, que vive uma situação dessas aí", disse Mourão, acrescentando:
"As Forças Armadas são totalmente despolitizadas. Não estão comprometidas com nenhum projeto ideológico. As Forças Armadas estão comprometidas com a missão delas".