O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, durante coletiva de imprensa nesta quarta-feira
Kauê Scarim/PSOL
O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, durante coletiva de imprensa nesta quarta-feira

O PSOL anunciou que vai pedir ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, em audiência solicitada nesta quarta-feira (30), que as investigações sobre o assassinato de Marielle Franco permaneçam sob alçada do Ministério Público Federal (MPF) do Rio de Janeiro. Como o presidente Jair Bolsonaro  (PSL) foi mencionado no caso da vereadora assassinada em março de 2018, fato  revelado pelo Jornal Nacional na última terça, o processo poderia ser levado para o Supremo. O anúncio foi feito em coletiva de imprensa realizada pelo partido nesta manhã, em São Paulo.

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Bolsonaro foi citado em dois depoimentos de um porteiro do condomínio no qual tem residência, o Vivendas da Barra, na zona oeste do Rio. O conteúdo dos depoimentos foi obtido pelo JN , que também teve acesso aos registros de visitas no condomínio. Segundo as informações sob sigilo da Justiça, um dos suspeitos de participar do crime, o ex-policial Élcio Queiroz , entrou no condomínio horas antes do assassinato, alegando que visitaria Jair Bolsonaro. Em vez de se dirigir à casa número 58, onde residia o então deputado federal, Élcio Queiroz foi até a casa do principal suspeito do assassinato, o policial aposentado Ronie Lessa .

O porteiro afirmou no depoimento que liberou a entrada do visitante após ligar para a residência de Bolsonaro, cuja voz foi atribuída ao "Seu Jair" e ter a permissão concedida. No mesmo horário, no entanto, Bolsonaro se encontrava em Brasília, de acordo com registros da Câmara dos Deputados.

"Nossa bancada solicitou audiência com o ministro Toffoli hoje. Vamos pedir a manutenção das investigações no Ministério Público do Rio, que é onde as investigações mais avançaram até agora. Não faria nenhum sentido qualquer tipo de iniciativa que represente um retrocesso nas investigações. Já estamos há um ano e meio sem resposta", afirmou Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL .

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A direção do PSOL descobriu durante a coletiva que Dias Toffoli estava também em São Paulo naquele momento, mas rechaçou que pudesse adiantar a audiência solicitada. Os planos são encontrar o presidente do STF em Brasília, ainda nesta quarta.

Medeiros foi questionado sobre a chance de o PSOL conseguir impedir que as investigações sigam para o STF , já que processos envolvendo autoridades com foro privilegiado, como é o caso do presidente da República, devem ser julgados nas instâncias superiores. Ele afirmou que não é papel do partido entrar nesse âmbito, mas que teme a ingerência de Bolsonaro no caso, por meio do ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro, que comanda a Polícia Federal. O presidente afirmou que vai pedir a Moro para a PF ouvir o porteiro que anotou a entrada do suspeito de matar Marielle.

"Se houver processo contra o presidente, o caso pode ir para o STF, sim. Mas não queremos levantar suspeita sobre o envolvimento do presidente Bolsonaro no caso. Só não queremos que as investigações sejam interrompidas agora. Existe um trabalho sendo feito", declarou.

O PSOL também condenou as declarações de Bolsonaro, logo após a reportagem do JN, atacando a imprensa e o PSOL. Segundo Medeiros, o partido "em nenhum momento alimentou ilações sobre o envolvimento de Bolsonaro no caso Marielle", mesmo após a revelação de que um dos suspeitos do assassinato era vizinho de Bolsonaro.

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Juliano Medeiros disse que o partido não vai trabalhar para um impeachment de Bolsonaro, já que essa via precisaria vir de "mobilização social", alimentada por um "caldo de insatisfação popular" com os erros do governo. Segundo ele, enquanto isso não houver, a bancada vai pressionar o presidente por meio do Parlamento.

"Estamos torcendo para que o Brasil vire um Chile o mais rápido possível e que o povo na rua possa reequilibrar o jogo de forças, que possa barrar definitivamente a agenda do governo Bolsonaro, como barrou a agenda do governo Piñera recentemente no Chile", disse o presidente do PSOL .

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