Integrantes do Ministério do Trabalho atropelavam exigências legais para atender aos pedidos de Marun
Valter Campanato/Agência Brasil - 15.12.17
Integrantes do Ministério do Trabalho atropelavam exigências legais para atender aos pedidos de Marun

Uma investigação da Polícia Federal (PF) revela que alguns integrantes do Ministério do Trabalho chegaram a emitir pareceres fraudulentos, a pedido do ministro Carlos Marun, da Secretaria de Governo.

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Segundo o relatório da PF, ao qual o jornal Folha de S.Paulo teve acesso, os integrantes do Ministério do Trabalho atropelavam exigências legais para atender aos pedidos feitos pessoalmente pela chefe de gabinete de Marun, Vivianne Lorenna de Melo, em nome do ministro. 

Os pedidos constavam em facilidades para sindicatos de Mato Grosso do Sul. Em troca, possivelmente, era oferecido apoio político no estado, seu reduto eleitoral. As demandas constam de mensagens trocadas pela assessora com servidores do ministério em maio deste ano, dias antes da Operação Registro Espúrio ser deflagrada.

De acordo com a reportagem publicada neste sábado (14), os pedidos eram repassados pelo então coordenador-geral de Registro Sindical, Renato Araújo, a uma aliada, Jéssica Mattos, que não possuía vínculo com a pasta. Ambos foram presos na primeira fase da operação, no dia 30 de maio.

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Embora Jéssica não fosse servidora, era ela a responsável por produzir manifestações consideradas pela PF como fraudulentas para entidades que "possivelmente ofereceram vantagens indevidas" a Marun, segundo as investigações.

Defesas sobre o esquema no Ministério do Trabalho

Enquanto o coordenador-executivo do Sindjufe, Celso Neves, afirmou que a nova diretoria da instituição assumiu em 26 de abril e não fez nenhuma solicitação a Marun, as defesas de Jéssica e Araújo não foram localizadas.

Por sua vez, em uma nota enviada ao jornal, Marun afirmou que os casos citados são encaminhamentos rotineiros de demandas. Inclusive, segundo ele, a articulação com entidades da sociedade civil é competência da pasta que chefia.

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“Certamente não houve qualquer tipo de contrapartida. Nem política, até porque, ao assumir a secretaria, renunciei expressamente ao direito de disputar as próximas eleições", afirmou, sobre as ações no Ministério do Trabalho . "Avalizo também como honesta a forma como os servidores da secretaria trataram a questão. É irresponsável quem faz qualquer ilação contrária a isso”, disse ele.

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