Moradora de Israel há 16 anos, a nutricionista carioca Ilana Lerner passa suas noites sem dormir direito desde sábado (7), quando os ataques do Hamas ao país vizinho se intensificaram . Naquela madrugada, ela foi despertada pelo telefone do marido, israelense, que recebeu a notícia de que deveria se apresentar ao exército naquele momento.
Em entrevista ao iG, ela admitiu que, de lá para cá, a sensação de insegurança se intensificou na região, mesmo que a cidade onde mora, próxima a Tel Aviv, ainda não tenha sido atingida pelos bombardeios. Ilana ressalta não saber em qual cidade o namorado está atuando e vê com preocupação a escalada de tensão entre Israel e Palestina. Segundo ela, é a "pior guerra da história de Israel".
“Estava dormindo e por volta das 6h começaram as tremedeiras, barulhos e estrondos. O telefone não parou de tocar, meu namorado foi atender e era o exército convocando ele [para a guerra]”, conta.
“Eu estou em contato. Ele não pode ficar muito no celular, mas umas três ou quatro vezes por dia me manda mensagem. Eu me alivio quando ele conversa comigo, mas entro em desespero esperando uma próxima mensagem”.
Ilana mudou-se para Israel aos 28 anos com os filhos, que ficam com o pai em uma cidade próxima à capital israelense. Ela conta que as sirenes chegaram a tocar no local e o que os obrigaram a se esconder um bunker.
Segundo a nutricionista, o cenário na região é de destruição e registros de tremores nas residências próximas às cidades alvos do ataque. Apesar do medo, ela conta que não há falta de abastecimento de alimentos e remédios na região.
“Saio na varanda e vejo explosões, aviões militares passando, às vezes a casa treme um pouco. Não tem como eu me desligar. O dia inteiro é barulho, explosões”, relata.
“Eu tenho um quarto antibomba em casa. Eu deixo tudo preparado nesse quarto para se caso acontecer algo eu já ter tudo pronto”, completa a nutricionista.
Até o momento, cerca de 2 mil pessoas morreram vítimas da disputa entre Hamas e Israel. A imprensa israelense ainda registrou a morte de 40 crianças decapitadas pelo exército palestino, informação que ainda não foi confirmada pelas autoridades locais.
“Está passando na televisão que eles liberaram um kibutz próximo à Gaza e acharam corpos de bebês e crianças pequenas decapitadas. Está muito difícil”, disse, emocionada.
Ao iG, Ilana disse não acreditar em um acordo de paz entre Palestina e Israel neste momento. Ela ressalta que o terceiro mandato do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu está fragilizado e afirma que o conflito é o pior já registrado no país.
“O sentimento é que Israel começou a cair em termos de qualidade, política, economia, saúde. Isso enfraquece o país. O Hamas vai pegar o fio da meada de que Israel está enfraquecido e cair em cima. Esse tipo de ataque nunca aconteceu aqui. Essa é a pior guerra da história de Israel”.
“Não acho que Israel está em condições de negociar e ter uma trégua. Tenho ouvido de israelenses que todos estão ávidos para que explodam Gaza. Tira todo mundo de lá, explode esse lugar e comecem do zero. A maldade toda que eles estão fazendo não cabe mais no peito”, ressalta.
Assista a entrevista completa: