O candidato de extrema direita José Antonio Kast e o postulante de esquerda Gabriel Boric disputarão o segundo turno das eleições presidenciais no Chile, marcado para 19 de dezembro.
Com 99,99% das urnas apuradas, Kast, 55 anos, já apelidado de "Bolsonaro chileno", tem 27,91% dos votos, enquanto o deputado e ex-líder estudantil de 36 anos aparece com 25,83%.
"Vamos eleger entre liberdade e comunismo, vamos eleger entre democracia e comunismo", declarou o primeiro colocado na noite do último domingo (21), emulando o mesmo discurso adotado por Bolsonaro em 2018.
Kast, do Partido Republicano, venceu na maioria das regiões do Chile, enquanto Boric, da legenda Convergência Social, prevaleceu na zona metropolitana de Santiago (31,02% a 25,07%).
Apesar da curta distância que os separam, o ex-líder estudantil terá de reverter um tabu histórico para chegar ao Palácio de la Moneda: desde o retorno da democracia, em 1990, nunca um segundo colocado no primeiro turno conseguiu ser eleito.
"Não podemos cair no desprezo por aqueles que optaram por outras alternativas, devemos escutar e entender", disse Boric, acrescentando que os eleitores o encarregaram de "liderar uma disputa pela liberdade e democracia".
Uma surpresa das eleições foi o populista de direita Franco Parisi, que obteve 12,80% dos votos apesar de nunca ter pisado em território chileno durante a campanha.
Sebastián Sichel, candidato do impopular presidente Sebastián Piñera, ficou em quarto lugar, com 12,79%, e a senadora democrata-cristã Yasna Provoste, em quinto, com 11,61%. Já Marco Enríquez-Ominami e Eduardo Artés alcançaram 7,61% e 1,47%, respectivamente.
O resultado de Kast no último domingo representa o primeiro triunfo da direita desde a revolta social de outubro de 2019, quando manifestantes tomaram as ruas do país para protestar contra a classe política, culminando na eleição de uma Assembleia Constituinte dominada pela oposição e por independentes de esquerda.
O próprio Kast é contra a reforma da Constituição e defende que o novo texto seja rejeitado em referendo. As eleições de domingo também elegeram 27 dos 50 membros do Senado, que pela primeira vez desde a redemocratização terá uma maioria de direita, sendo 24 representantes da situação (atualmente são 19) e um do Partido Republicano, de Kast.
Já o bloco de centro-esquerda passará de 20 para 17 senadores, enquanto o Partido Comunista, que desde 1973 não tinha representantes no Senado, conquistou duas cadeiras.