Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores, ligou para secretário dos EUA pedindo ajuda a Manaus, que não veio
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Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores, ligou para secretário dos EUA pedindo ajuda a Manaus, que não veio

O ministro das Relações Exteriores brasileiro, chanceler Ernesto Araújo, pediu ajuda aos Estados Unidos no auge da crise sanitária em Manaus, provocada pelo agravamento da Covid-19 e a falta de cilindros de oxigênio nos hospitais , que levou a morte de pacientes hospitalizados. Mais de uma semana depois desse pedido, no entanto, nenhum avião para transporte do oxigênio ou carga do produto veio dos norte-americanos. Até o momento, apenas dois países ajudaram o Brasil:  Venezuela e China.

Na quinta-feira (14), pior dia da falta de oxigênio em Manaus , Ernesto Araújo ligou para Mike Pompeo, então secretário de estado dos EUA, pedindo a ajuda, que não veio. Nesse meio tempo, o  democrata Joe Biden tomou posse e Pompeo perdeu o cargo de secretário de estado. Ainda assim, nenhuma ajuda foi fornecida ao Brasil.

A ligação de Ernesto a Mike Pompeo consta de um ofício enviado pela Advocacia Geral da União (AGU) à Justiça Federal em resposta a uma ação civil pública ajuizada pela Defensoria Pública do Amazonas, Defensoria Pública da União (DPU), Ministério Público Federal e Ministério Público do Amazonas.

De acordo com a AGU, a atividade do Ministério das Relações Exteriores em torno da crise do oxigênio em Manaus começou no dia 14, o que é justificado com a ligação ao secretário norte-americano. Dias antes, em 8 de janeiro, o governo já havia sido avisado sobre a crise iminente em Manaus, mas não agiu preventivamente.

"Identificou-se que o Chile e os Estados Unidos da América possuiriam aeronaves capazes de fazer esse transporte", diz o ministério chefiado por Ernesto Araújo. Os dois países então foram procurados pelo Brasil.

Segundo o MRE, o diálogo com o Chile "levou à conclusão de que, embora o Chile de fato possua aeronave capaz de transportar oxigênio, o equipamento não seria adequado para o caso, por não dispor das especificações necessárias para o tipo específico de insumo a ser carregado".

O Brasil então buscou a ajuda dos EUA que, "por sua vez, manifestaram prontamente a possibilidade de colaborar e, para tanto, solicitaram receber comunicação oficial do Itamaraty [sua Embaixada em Brasília], o que foi feito no mesmo dia 14 de janeiro".

"O tema foi objeto de telefonema entre o ministro Ernesto Araújo e o Secretário de Estado, Michael Pompeo. Além disso, foi estabelecido canal de diálogo direto entre o gabinete do ministro das Relações Exteriores e a Embaixada norte-americana sobre o tema, bem como entre a Embaixada do Brasil em Washington e os Departamentos de Estado e de Defesa dos EUA", diz a AGU, transcrevendo o ofício do Itamaraty.

O ofício diz ainda que "o Itamaraty vem atualizando as solicitações recebidas dos Ministérios da Saúde e da Defesa" e que "ao mesmo tempo, os Estados Unidos vêm analisando a ajuda que poderão enviar ao Brasil, conforme a necessidade manifestada e os meios disponíveis."

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