Decisão contra o triplo talaq foi considerada histórica por grupos que defendem os direitos das mulheres
Reprodução/Indian Times
Decisão contra o triplo talaq foi considerada histórica por grupos que defendem os direitos das mulheres

A indiana Shayara Bano, 35 anos, viu seu mundo vir abaixo quando, em outubro de 2015 – enquanto fazia um tratamento médico na casa dos pais, no norte da Índia – recebeu um telegrama do marido. Na mensagem, a palavra 'talaq' foi repetida três vezes.

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Com isso, a indiana, que estava casada há 15 anos, passou a ser uma mulher divorciada. Simples assim. Afinal, o triplo ' talaq ' é um benefício dos homens muçulmanos. Para se divorciar da esposa, eles só precisam dizer a ela a palavra (que significa divórcio) três vezes.

Isso aconteceu com Shayara e com outras diversas mulheres em toda a Índia. De acordo com uma reportagem da BBC , no último ano, alguns muçulmanos chegaram a declarar divórcio até por meio do WhatsApp e Skype.

Nesta terça-feira (22), porém, a Suprema Corte da Índia decidiu banir essa prática do divórcio instantâneo entre muçulmanos em todo o país.

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De acordo com o veredicto, a prática é ilegal e contraria os princípios do Islã. Tal recurso, inclusive, não consta no Alcorão.

Vitória das mulheres

A decisão – tomada com três votos a favor e dois contra – foi considerada histórica por grupos que defendem os direitos das mulheres.

Apesar de ser praticado há décadas entre comunidades muçulmanas indianas, o gesto não é mencionado na lei islâmica (sharia) ou no Alcorão.

Além disso, na maioria dos casos, as mulheres divorciadas imediatamente de seus maridos vêm de famílias pobres e ficam sem chão ao perderem a ajuda financeira do marido, impossibilitadas de trabalhar e de se autosustentar.

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Na Índia, os muçulmanos, cristão e hindus seguem leis religiosas diferentes em temas como casamento , divórcio, herança e adoção. Com a Suprema Corte da Índia banindo o triplo 'talaq', as mulheres ganham um pouco mais de direitos sobre o futuro dos seus casamentos e das suas vidas. 

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