Na última segunda-feira (20), com a divulgação das notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2016 para quem fez a prova como treineiro, os candidatos que ainda não concluíram o colegial puderam verificar seus desempenhos.

Treineira do Enem que morreu de câncer, tem a nota divulgada e vira inspiração para candidatos que vão prestar a prova
Arquivo pessoal
Treineira do Enem que morreu de câncer, tem a nota divulgada e vira inspiração para candidatos que vão prestar a prova

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Infelizmente, por conta de um câncer, a estudante Marília Seriacopi, de 16 anos, que havia feito o Enem  nessa modalidade, não pôde conferir seu resultado. Após lutar contra a doença durante um ano, ela faleceu no início deste ano. No entanto, a mãe da estudante fez questão de consultar e divulgar a nota da menina. E, desde então, a história dela tem sido motivo de inspiração e orgulho para muitas pessoas.

Na edição passada, Marília foi uma das candidatas que fizeram a prova do Enem no hospital. Em meio às quimioterapias, melhoras e recaídas, a estudante se esforçava para continuar acompanhando o conteúdo escolar. “No primeiro trimestre ela estava internada. Mesmo assim, os amigos e professores se revezavam para compartilhar o que estava sendo ensinado em sala. Depois ela voltou para a escola. Mas no segundo semestre teve uma recaída e passou a ter aulas fornecidas pelo próprio hospital”, lembrou a mãe, Regina Célia Seriacopi, em entrevista ao iG.

Mesmo estando afastada da escola, Marília, que tinha o sonho de fazer medicina, descobriu que poderia fazer a prova do Enem sem precisar sair do quarto hospitalar onde estava internada, no Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (Itaci). E foi com a bagagem que ela já tinha, mais os ensinamentos que recebeu no hospital, que ela se preparou para o exame.

Mesmo sem frequentar a escola por quase um ano, Marília decidiu fazer a prova do Enem com o que aprendeu no hospital
Arquivo pessoal
Mesmo sem frequentar a escola por quase um ano, Marília decidiu fazer a prova do Enem com o que aprendeu no hospital


Mesmo com dificuldades, Marília não desistiu de fazer o Enem

No dia da prova, a mãe conta que a filha estava muito debilitada. “Ela tinha feito uma quimioterapia oito dias antes do teste, por isso, estava bem fraca. Com a imunidade baixa, ela teve dores de cabeça, de dente e febre durante a prova. Questionei se tinha certeza que queria fazer o teste, mas ela era muito dedicada e determinada e não desistiu.”

Durante um ano, a estudante lutou contra a leucemia com bom humor e muita esperança, mas não resistiu e faleceu em 19 de janeiro deste ano.

No início da semana passada, quando o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou as notas, Regina fez questão de conferir e anunciar o resultado da filha nas redes sociais. “Eu achei que seria importante para ela. Seria como fechar um ciclo”, explica a mãe. A ideia de divulgar para outras pessoas fazia parte de um caminho que Marília começou a traçar quando iniciou o tratamento: o da solidariedade.

“Ela sempre foi muito preocupada em ajudar os outros. E mostrar o esforço e determinação dela para motivar outras pessoas que possam estar passando por situações semelhantes, ou até mesmo mostrar que é possível se manter firme em momentos difíceis é uma maneira de continuar o que ela gostava de fazer”, declara a mãe.

A média de Marília foi de 620 pontos em cada prova.  Na redação, a estudante marcou 640. A pontuação seria suficiente para conseguir a certificação do ensino médio.

Depois da publicação da nota da filha, Regina conta que recebeu muitas mensagens de gente que tinha se sensibilizado com a história e que estava se inspirando para conseguir superar seus próprios desafios.  “Pessoas que achavam que não poderiam mais passar na prova, por conta da idade avançada, ou pais que queriam ajudar a incentivar os filhos me agradeceram e usaram a história dela como inspiração. Isso pra mim é muito gratificante, e tenho certeza que para a Marília também”, conta a mãe.

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Sonho de ajudar outras pessoas continua

Em paralelo aos estudos, Marília criou uma campanha para incentivar a doação de sangue, plaquetas e medula, durante o tratamento. Com uma página na internet, ela divulgava informações sobre as doações, pedia ajuda para ela e todos que estavam passando pela mesma situação.

Assim, ela conseguiu encontrar um doador compatível, e chegou a fazer o transplante de medula e recebeu alta. Mas por conta de uma infecção por fungo que contaminou a medula, ela não resistiu.

Hoje, a mãe e as melhores amigas continuam atualizando a página na internet e colaborando com o sonho de Marília, que era o de salvar vidas. Para conhecer mais sobre a causa e saber como e onde doar, acesse o site: https://www.facebook.com/campanhamarilia.

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