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Para o "poeta do samba" Jorge Aragão, samba é raiz, é identidade

Quem não gosta de samba, bom sujeito não é... Surgiu no século 19, na Bahia, a partir da mistura de variados ritmos africanos, mas foi em 1920 que o samba se popularizou e fortaleceu suas raízes no Rio de Janeiro. A palavra samba foi utilizada pela primeira vez em 1838, pelo frei Miguel do Sacramento Lopes da Gama. Na ocasião, o termo foi usado para distinguir um dos tipos de música introduzidos pelos escravos africanos – ainda não era o samba que conhecemos hoje. "Pelo Telefone", cantado por Baiano é considerado o primeiro samba a ser gravado no Brasil (segundo os registros da Biblioteca Nacional) é um marco dentro da história moderna e urbana do samba, ocorreu em 1916, no próprio Rio de Janeiro. O sucesso alcançado pela canção contribuiu para a divulgação e popularização do ritmo como gênero musical.

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Beth Carvalho, a madrinha do samba, ganhou prêmios internacionais e fez até japonês sambar

Na década de 1920, o samba começou a se firmar no mercado cultural do Rio de Janeiro. Surgiam as primeiras indústrias nacionais de discos, e os bailes carnavalescos estavam em alta. Os compositores Sinhô e Caninha foram os primeiros a entrar em cena. “A importância do samba para mim é como se eu tivesse só a carne e alguém viesse colando a minha pele de cima a baixo. Ele é a maneira como eu me apresento hoje para o mundo", orgulha-se o cantor Jorge Aragão. "O samba é minha identidade, o samba é meu sorriso, o samba é minha letra... Só não vou dizer que o samba é o ar que eu respiro porque seria muito piegas... Sua importância é a mesma que dou a minha raça. Ele é primordial. E acima de tudo, minha defesa também”.

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Samba é considerado a música nacional do Brasil, atingindo todas as regiões do país. Uma nova geração de sambistas começou a surgir na década de 1970 e 1980, fortalecendo ainda mais o ritmo. "Quando ouvi Clementina decidi ser sambista. Me emocionou de uma tal forma que pensei: 'É o que eu quero'. Sai da Zona Sul para encontrar o samba e fui muito bem recebida. Minha ‘Andança’ começou no palco e ganhou corações", suspira Beth Carvalho, que festejou. "De lá pra cá, como boa sambista, movimentei a roda. Minha alma de samba possibilitou que eu trouxesse aos olhos de todos, mestres como Nelson Cavaquinho e Cartola. E os ouvidos apurados pelas batidas de raiz também me permitiram dar asas a afilhados como Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, entre outros que viraram grandes. Virei a madrinha, mãe com açúcar, do ritmo que me alçou ao mundo. Recebi prêmios inéditos, fiz até japonês sambar. Não me restava nada a não ser bradar: 'Vou festejar!'".

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O grupo Fundo de Quintal entrou no ritmo após receber grande influência de sambistas antigos

O samba possui raízes africanas, apesar de ser um gênero 100% brasileiro. O ritmo e a cultura que o inspiraram vieram para o Brasil junto com negros escravizados, que geraram o samba de roda, considerado Patrimônio da Humanidade em 2005, pela Unesco. Na segunda metade do século XIX, os negros migraram para a Cidade Maravilhosa, onde surgiu outra manifestação importante na época, o samba carioca.

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Expert no assunto, Ubirany, um dos fundadores do grupo Fundo de Quintal entrou no ritmo. Ele revela que o grupo recebeu grande influência de sambistas antigos. "Até a nossa dança 'miudinho' tem a ver com a maneira de sambar de antigamente, como fazia Donga, por exemplo. Eu e Bira (irmão do Ubirany) vimos nosso pai, Domingos, ao lado de nomes como Pixinguinha, Bide, Donga... Eu era garoto, mas vi essa turma toda. Nós, do Fundo de Quintal, temos muito orgulho de contribuir também para essa história. No final dos anos 1970 fomos os representantes de mais um movimento dentro do samba, que trouxe composições mais aprimoradas e novos instrumentos para a roda de samba, como o tantã, o repique de mão e o banjo. São mais de 40 anos em 100 anos de samba", orgulha-se.

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Para a dupla Prettos, o samba é uma das maiores representatividades da nossa identidade cultural

Após o surgimento e o sucesso do samba, alguns ritmos se derivaram dele, formando novos estilos. Algumas dessas formas musicais são o samba de gafieira, o samba enredo, samba-rock, samba de breque, o partido alto, samba-canção, o pagode, entre outros. Não é à toa que em 26 de novembro de 2016, o ritmo completou 100 anos, firme e forte! “O samba sempre foi cultura popular e está incutido desde sempre no subconsciente coletivo do povo brasileiro. O carnaval, os blocos carnavalescos, as rodas de samba e de choro, as religiões afro-brasileiras, e a capoeira são as maiores representatividades da nossa identidade cultural. Muito nos honra ter contribuído com os 100 anos do samba e ser parte viva dessa história”, orgulha-se a dupla Prettos.

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O cantor Leandro Lehart acha que o samba está perdendo espaço para outros ritmos não brasileiros

O cantor Leandro Lehart entra no ritmo, aplaude, mas lamenta... “Eu me apaixonei pelo samba na infância. Adoro que a música dialogue com outros ritmos, mas precisamos preservar as nossas raízes. O samba está perdendo espaço para outros ritmos não brasileiros. Ele tem que preservar o seu espaço.” Dois de dezembro é Dia Nacional do Samba, esse ritmo que é a cara do Brasil. A data foi criada pelo vereador Luis Monteiro da Costa, em homenagem ao artista Ary Barroso – significa o dia que ele visitou a Bahia pela primeira vez. Com certeza deu samba!

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