![undefined](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/27/5t/zz/275tzzuibmntsazb6xff6zinu.jpg)
Ilustração de duas estrelas de nêutron. A grade representa as ondas gravitacionais que viajam para fora da colisão
Pela primeira vez na história, os cientistas conseguiram observar a colisão de duas estrelas de nêutrons, por meio de ondas gravitacionais e luminosas. O evento cósmico produziu ondas no tempo-espaço e um brilho tão intenso do que mais de um bilhão de sóis, segundo revelou a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa). A eventualidade é tão especial que foram publicados mais de 30 artigos científicos nesta segunda-feira (16).
Leia também: Três cientistas levam Nobel de Física por estudos sobre ondas gravitacionais
Na sequência extraordinária, é possível ver as duas estrelas de nêutrons
– que são ultradensas – fazendo um movimento espiralado para dentro, uma em direção a outra, antes de finalmente se colidirem de maneira violenta. Segundo os cientistas da Nasa, essas estrelas têm massa de 10% a 60% maiores do que a do Sol, apesar de apenas ter uma área do tamanho da cidade de Washington D.C, ou do Plano Piloto, em Brasília – ou seja, são extremamente densas. Por causa dessa densidade, as maciças estrelas puxaram uma a outra com intensidade, girando centenas de vezes por segundo, produzindo ondas gravitacionais na mesma frequência.
Desse modo, quanto mais se aproximavam, orbitavam ainda mais rápido, o que acabou gerando o evento “mais violento e cataclísmico” da natureza – que, por sua vez, produziu uma onda de raios gama . Devido à colisão foi observada a chamada “quilonova”, algo que nunca registrado anteriormente, mas que foi capturada pelo Observatório a Laser de Ondas Gravitacionais (Ligo), com base nos Estados Unidos.
Um marco histórico desse evento cósmico foi o testemunho dos cientistas realizado por meio de telescópios ópticos tradicionais, com detectores gêmeos localizados na Louisiana e em Washington, que recuperaram os tremores no espaço-tempo ocorridos após a fusão a 1,3 milhão de anos-luz de distância – ou seja, observamos algo que aconteceu há mais de 130 milhões de anos.
Leia também: Após errar data, numerólogo "remarca" fim do mundo para o próximo domingo
![Cientistas detectam colisão de estrelas de nêutron, classificado como um dos eventos mais violentos da natureza Cientistas detectam colisão de estrelas de nêutron, classificado como um dos eventos mais violentos da natureza](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/4z/fv/dj/4zfvdjlke73javvqc0p2xr55m.jpg)
O diretor-executivo do centro de pesquisa Ligo, Dave Reitze, afirmou: "o maravilhoso nessa descoberta é que foi a primeira vez que tivemos uma imagem completa de um dos mais violentos e cataclismáticos eventos do universo”.
Trabalho em conjunto
O encontro entre as estrelas foi primeiramente observado no dia 17 de agosto, quando os centros de pesquisa Ligo (americano) e Virgo (europeu) detectaram as ondas gravitacionais inéditas durante 100 segundos. "Fomos capazes de 'ouvir o Universo'", explica Gregg Hallinan, do Instituto de Tecnologia da Califórnia.
![O encontro entre as estrelas foi primeiramente observado no dia 17 de agosto por causa de ondas gravitacionais O encontro entre as estrelas foi primeiramente observado no dia 17 de agosto por causa de ondas gravitacionais](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/88/6l/ke/886lkekeomabuapy8yhfwvc22.jpg)
Com o zumbido dos poucos segundo capturado, perceberam que as duas estrelas, ambas mais pesadas do que o Sol, aproximavam-se de sua morte. Inicialmente, as duas pareceram separadas por 320 quilômetros, circulando 30 vezes por segundo. Porém, enquanto giravam para dentro, aceleraram até uma velocidade de duas mil órbitas por segundo, o que fez com que o sinal fosse fosse capturado como um assobio de deslizamento.
Dois segundos após a detecção das ondas, um "flash" de luz na forma de raios gama foi detectado pelo telescópio Fermi da Nasa. Seguiram-se, então, outros "mensageiros" do espaço: raios X, ondas ultravioleta, infravermelho e ondas eletromagnéticas. Depois do alerta enviado aos astrônomos, 70 telescópios espaciais e terrestres giraram para observar o brilho vermelho, tornando-se o primeiro evento cósmico a ser "visto" tanto nas ondas gravitacionais quanto luminosas.
![Devido à colisão das estrelas de nêutrons foi observada a chamada “quilonova”, algo que nunca registrado anteriormente Devido à colisão das estrelas de nêutrons foi observada a chamada “quilonova”, algo que nunca registrado anteriormente](https://i0.statig.com.br/bancodeimagens/76/w5/i3/76w5i31dapm1ol65sbagx6uzo.jpg)
Einstein foi o primeiro cientista a prever a existência de ondas gravitacionais , há mais de um século. Contudo, a primeira prova experimental de que o Espaço pode ser esticado ou espremido levou até 2015, quando os cientistas da Ligo detectaram uma colisão de buracos negros. Mas, essa fusão sombria, e as outras três detectadas desde então, eram invisíveis para os telescópios convencionais. À medida que as estrelas colidiam, elas emitiam um intenso feixe de raios-gama, deixando o céu cheio de elementos pesados, respondendo ao debate de décadas sobre a origem do ouro e da platina, por exemplo.
Leia também: Nova espécie de vespa descoberta ganha nome de vilão de “Harry Potter”; conheça
As estrelas de nêutrons são as menores e as mais densas de todas as que conhecemos (e sabemos que existem): têm cerca de 20 quilômetros de largura, com uma massa de cerca de um bilhão de toneladas. O núcleo é uma sopa de nêutrons puros, enquanto a crosta é lisa, sólida e 10 bilhões de vezes mais forte que o aço.
*Com informações do The Guardian e da Nasa