O ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, poderá ter o sigilo telefônico quabrado pela Polícia Federal (PF). Além dele, é esperado que o ex-assessor dele, Marcos André Soeiro, e o ex-chefe da Receita Federal, Julio Cesar Vieira Gomes, também tenham o sigilo quebrado.
A medida está sendo estudada por conta de uma ligação em dezembro de 2022 de Gomes com o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). A ligação trataria de uma última tentativa de recuperar o pacote de joias, que foi apreendido pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos.
Segundo a instituição, o objetivo da quebra é entender qual foi o teor da conversa, o que foi falado, pedido ou combinado, e quais são as implicações ao ex-presidente. Este seria o primeiro contato pessoal entre Bolsonaro e o caso propriamente dito.
A PF ainda está analisando qual o período em que a quebra de sigilo deverá ser instaurada, sendo desde 2021, ou de um período mais específico, como o último mês do governo do ex-presidente. Entretanto, a medida não seria válida para o celular de Bolsonaro neste momento, sendo analisado se há uma necessidade da quebra do sigilo telefônico do ex-mandatário futuramente.
Joias milionárias
Segundo uma reportagem de "O Estado de S. Paulo", um primeiro pacote de joias, avaliado em R$ 16 milhões da marca Chopard , foram entregues pelo governo da Arábia Saudita para Michelle Bolsonaro, que visitou o país árabe em outubro de 2021. Entre os presentes, estavam um anel, colar, relógio e brincos de diamantes.
Entretanto, ao chegar ao país, as peças foram aprendidas na alfândega do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, na mochila de um assessor de Bento Albuquerque, então ministro de Minas e Energia. Ele ainda tentou usar o cargo para liberar os diamantes, entretanto, não conseguiu reavê-los, já que no Brasil a lei determina que todo bem com valor acima de US$ 1 mil seja declarado.
Diante do fato, o governo Bolsonaro teria tentado quatro vezes recuperar as joias, por meio dos ministérios da Economia, Minas e Energia e Relações Exteriores. O então presidente chegou a enviar ofício à Receita Federal, solicitando que as joias fossem destinadas à Presidência da República.
Na última tentativa, três dias antes de deixar o governo, um funcionário público utilizou um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para se deslocar até Guarulhos. Ele teria se identificado como “Jairo” e argumentado que nenhum objeto do governo anterior poderia ficar para o próximo.