Sete internos do Centro Socioeducativo Lar do Garoto Padre Otavio Santos, em Lagoa Seca, município do agreste da Paraíba, morreram durante rebelião ocorrida na madrugada deste sábado (3). No decorrer do tumulto, ao menos 11 internos da unidade conseguiram escapar do local.
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De acordo com informações publicadas na manhã de hoje pelo jornal “Folha de S.Paulo”, a rebelião teve início por volta das 2h30, depois que um grupo de adolescentes tentou escapar do local. Os internos que não conseguiram fugir tiveram acesso a uma ala onde ficavam jovens de uma facção rival.
Os invasores incendiaram a ala dos rivais após atear fogo em móveis e colchões. Segundo a polícia , a maioria dos mortos encontrados estava com os corpos carbonizados. Dois menores ficaram feridos e foram encaminhados a um hospital na mesma cidade.
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O vice-diretor do centro socioeducativo, Francisco Souza, afirmou ao jornal que a unidade possui capacidade para 44 pessoas. Entretanto, o local abrigava 220 internos.
Crise no sistema penitenciário
Desde o início do ano, diversas rebeliões foram realizadas em todo o País e terminaram com um alto número de mortos. Já no primeiro dia deste ano, foi registrada uma chacina no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), de Manaus, onde morreram ao menos 56 pessoas.
Além do Amazonas, os estados de Roraima e Rio Grande do Norte passaram por momentos de crise e tensão, com rebeliões seguidas e a morte de dezenas de detentos em cada uma delas. Os estados de Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo e Rio de Janeiro também já registram movimentos de revolta dos presidiários. Até agora, é possível afirmar que mais de uma centena de pessoas foram assassinadas em decorrência da crise carcerária do Brasil somente no ano de 2017.
Entre as causas das ocorrências de rebelião e da guerra iniciada entre as facções, está a superlotação dos presídios. Em reportagem especial, o iG mostrou que o governo federal investiu apenas 22,8% do Fundo Penitenciário nos últimos oito anos , o que pode ilustrar a omissão das autoridades diante da situação tensa dos presos e, sobretudo, dos funcionários penitenciários – que, inclusive, entraram em greve em diversas cidades do País.