Nesta quinta-feira (2), o ministro da Justiça, Flávio Dino , afirmou que as declarações feitas pelo senador Marcos do Val (Podemos-ES) sobre a suposta proposta golpista que teria sido apresentada pelo ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) em uma reunião junto com Jair Bolsonaro fortalecem os indícios de "responsabilidade jurídica" do ex-presidente da República pelos atos golpistas de 8 de janeiro.
Marcos do Val hoje pela manhã que ele e Bolsonaro receberam uma proposta golpista feita por Daniel Silveira em dezembro, pouco antes da posse de Lula. De acordo com o senador, o ex-chefe do Executivo havia concordado com a ideia de golpe que previa prender Alexandre de Moraes e não deixar que Lula tomasse posse.
"Nós temos relatos que estão se somando, sempre mencionando pessoas muito próximas a ele [Bolsonaro]. O delegado competente do caso, o próprio Ministério Público e o Poder Judiciário vão levar em conta isto na investigação", afirmou Flávio Dino.
"Não me cabe determinar caminhos de investigação. Mas, evidentemente, nós estamos diante de um fato novo, que fortalece a ideia de que, além da responsabilidade política, esta já evidente, há cada vez mais indícios producentes sobre a responsabilidade jurídica do ex-presidente da República e de um pessoal ligado a ele", completou o ministro.
A declaração de Dino foi feita no Senado, onde acompanhou a eleição da nova direção da Casa.
Flávio Dino ainda relembrou outro episódio relacionado a atos golpistas: a minuta -- documento que previa intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com objetivo de mudar o resultado da eleição que elegeu Lula -- encontrada na casa do ex-ministro de Bolsonaro Anderson Torres.
"São como tijolos que vão se somando na construção de edifício. Esse edifício já tem materialidade. Qual? Um golpe de Estado. Um edifício em que se arquitetava um golpe de Estado no Brasil. Agora, quem eram os arquitetos, engenheiros e mandantes da construção do edifício? A investigação vai mostrar", concluiu.
O ministro de Lula ainda apontou que a declaração de Marcos do Val é "gravíssima".
"É claro que não se pode dizer que todas as pessoas participaram de tudo, mas temos muita clareza, muita nitidez, que havia infelizmente um núcleo – inclusive dentro da política – dedicado a rasgar a Constituição e tentar dar um golpe de Estado no Brasil", afirmou.
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