Presidente da República, Jair Bolsonaro
Alan Santos/PR
Presidente da República, Jair Bolsonaro

presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu, durante encontro com cerca de 130 empresárias e executivas em São Paulo, que mulheres tenham armas de fogo. O evento faz parte de uma estratégia de campanha de Bolsonaro para tentar reduzir a alta rejeição de seu governo junto ao público feminino.

"Outro dia uma pessoa me disse: 'o que está te afastando das mulheres é andar de moto e falar em armas'. Aqui tem mulher que gosta de velocidade. (...) Eu dou minha opinião sobre armas de fogo, ninguém vai conseguir unanimidade nunca. Mas, às vezes, vocês viajando por aí sozinhas e fura um pneu de um carro. Eu acho que uma arma ajuda a defendê-las se aparecer algum engraçadinho", afirmou à plateia.

O evento, um almoço com empresárias, foi realizado em um hotel cinco estrelas no Morumbi, na zona oeste da capital paulista. Foi organizado pelo Grupo Voto, entidade fundada pela empresária Karim Miskulin, próxima ao bolsonarismo.

Acompanharam Bolsonaro os ministros Paulo Guedes (Economia), Ciro Nogueira (Casal Civil), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Cristiane Britto (Mulher, Família e Direitos Humanos), Joaquim Álvaro (Meio Ambiente) e Marcos Montes (Agricultura), além da presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques.

As mulheres no local aplaudiram a fala de Bolsonaro em diversos momentos. Na chegada do presidente, foi possível ouví-las chamando-o de "mito". Entre as presentes no evento, porém, não houve grandes nomes do empresariado feminino. Segundo o Grupo Voto, estiveram no local executivas como Ester Schattan, fundadora da empresa de design mobiliário de luxo Ornare; Carla Sarni, fundadora da Sorridents; Claudia Scarpa, vice-presidente da seguradora América Latina Star Insurance Company; e Ana Carolina Paiffer, presidente da Atom, empresa de educação financeira.

Em um discurso que durou cerca de 15 minutos, Bolsonaro citou o que considera serem realizações de seu governo para o público feminino.

"Me rotulam como não gostar de mulheres, me rotulam como um monte de coisas. Quando a gente vai para números, o trabalho nosso (...) é exatamente o contrário. Nós nos preocupamos sim, sabemos que vocês são diferentes para melhor. E dentro do governo, praticamente conseguiram quase tudo, né? Falta pouca coisa. Igualdade para que possam desenvolver suas atividades", afirmou o presidente.

Em sua fala, Bolsonaro repetiu clichês como exaltar a "sensibilidade maior" atribuída ao público feminino ou ainda o fato de supostamente as mulheres "terem a última palavra" em casa. "Vocês são essenciais, eu não consigo viver sem uma (mulher). Nós sabemos que a última palavra sempre é de vocês", ressaltou.

Bolsonaro ainda afirmou que seu governo combate a violência contra a mulher. "O governo que mais encarcerou machão foi o nosso. Aquele pessoal que quer fazer valer a força dele no relacionamento, nós fizemos várias operações, somos recordistas nesse tipo de apreensão. A violência tem caído no Brasil", afirmou, sendo aplaudido pelas executivas presentes.

O presidente voltou a dizer que o assassinato do tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu, Marcelo Arruda, pelo bolsonarista Jorge Guaranho, foi "uma troca de tiros por motivo torpe". — Quando houve esse episódio lá agora de troca de tiros em Foz do Iguaçu, por motivo torpe, fútil, uma pessoa morreu (Arruda), quiseram botar no meu colo essa morte — disse. Em seguida, ressaltou redução do número de homicídios no Brasil.

O presidente ressaltou ainda que a maioria dos beneficiários do Auxílio Brasil é formada por mulheres. — Pagamos o Auxílio Brasil para 18 milhões de família, 15 milhões são mulheres. Entendemos que o recurso é melhor administrado por elas. Essas medidas a gente faz por reconhecer a importância de vocês — disse.

Ao falar sobre eleições, Bolsonaro disse que "não quer guerra com ninguém" e que não é um ditador. O presidente tem buscado questionar, sem provas, a segurança do sistema eleitoral brasileiro.

"Nós vamos sim ter eleições limpas no presente ano, transparentes. Não temos guerra com ninguém. Aqui não tem ditador no Brasil, não interessa de qual poder ele esteja. Nós temos que dever lealdade ao nosso povo, buscar fazer as coisas da melhor maneira possível, sem que haja desconfiança futura", disse, sem fazer menção direta a nenhum poder da República.

Bolsonaro também voltou a comparar a eleição da oposição ao fim da democracia. "O Brasil é um dos poucos países do mundo que tem democracia e liberdade. Vários outros países estão perdendo isso daí, como o grande país da América do Norte, está com problemas. Outros países da Amércia do Sul, olha para onde estão indo", disse. Ele citou a Colômbia e a Venezuela como supostos maus exemplos na região.

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