Donald Trump já chegou a pedir que Ucrânia investigasse seu rival político Joe Biden
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Donald Trump já chegou a pedir que Ucrânia investigasse seu rival político Joe Biden

A promotoria federal de Nova York está investigando se  Rudolph Giuliani , advogado pessoal do presidente dos EUADonald Trump , violou as leis de lobby americanas em seus negócios com a Ucrânia, relatam duas pessoas com conhecimento do inquérito.

 Os investigadores estão avaliando os esforços de Giuliani para minar a ex-embaixadora dos EUA para a Ucrânia Marie L. Yovanovitch , disse uma das fontes. Yovanovitch foi removida do cargo e chamada de volta no semestre passado como parte de uma campanha mais ampla de Trump para pressionar a Ucrânia a ajudá-lo em suas perspectivas políticas.

As investigações sobre Giuliani estão ligadas a um caso contra dois de seus associados presos esta semana sob acusações relacionadas ao financiamento de campanhas , indicam as pessoas com conhecimento do inquérito. Os associados de Giuliani são suspeitos de direcionar contribuições ilegais para congressistas procurados para ajudar na remoção de Yovanovitch.

Giuliani nega qualquer malfeito, mas admitiu que ele e seus associados trabalharam junto a promotores ucranianos na coleta de informações potencialmente danosas a Yovanovitch e outros alvos de Trump e seus aliados, incluindo o ex-vice-presidente Joe Biden e seu filho Hunter Biden . Giuliani compartilhou este material neste ano com autoridades do governo americano e colunistas amigáveis a Trump num esforço para minar a posição da embaixadora e dos outros alvos de Trump.

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A lei federal exige que cidadãos americanos informem ao Departamento de Justiça qualquer contato com o governo ou a mídia dos EUA sob direção ou pedido de políticos ou autoridades governamentais estrangeiras, independente se são pagos para representá-los. As autoridades judiciais deixaram claro nos últimos anos que a influência estrangeira secreta é uma grande ameaça ao pais, com espiões tentando roubar segredos do governo.

Uma investigação criminal de Giuliani aumenta os riscos do escândalo da Ucrânia para o presidente, cujos negócios com o país já são objeto de um inquérito de impeachment. E também uma surpreendente reviravolta para Giuliani, que se vê sob escrutínio pelo mesmo escritório da promotoria dos EUA que liderou nos anos 1980, quando ganhou fama como promotor duro com o crime e posteriormente ascendeu para ser eleito duas vezes prefeito de Nova York.

Ainda não está claro o quanto as investigações avançaram, e não há indicações de que os promotores em Manhattan decidiram protocolar mais acusações relacionadas ao caso. Uma porta-voz do escritório da promotoria, Geoffrey S. Berman, declinou os pedidos de comentários.

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Giuliani diz que os promotores federais não têm bases para acusá-lo por violações das leis de divulgação de ações de lobby estrangeiro porque ele estava agindo em nome de Trump, e não do promotor ucraniano, Yuriy Lutsenko, quando coletou as informações sobre Yovanovitch e os outros alvos e as repassou para o governo dos EUA e a mídia.

"Você pode tentar contorcer qualquer coisa em qualquer outra coisa, mas se eles (os promotores) têm o mínimo de objetividade ou imparcialidade, seria meio que ridículo dizer que eu estava fazendo isso em nome de Lutsenko quando eu estava representando o presidente dos Estados Unidos", disse Giuliani.

Lutsenko foi desgastado pelos esforços anticorrupção de Yovanovitch que queria que ela fosse removida de Kiev, capital da Ucrânia. Giuliani também disse desconhecer ser alvo de qualquer investigação, e defendeu a campanha de pressão sobre os ucranianos, que liderou, como legal e legítima.

A CNN e outras organizações jornalísticas já noticiaram que os promotores federais estavam analisando as operações financeiras entre Giuliani e seus associados, mas ainda não havia sido divulgado que os promotores federais em Manhattan estão especificamente investigando se ele violou as leis de lobby estrangeiro com seu trabalho na Ucrânia.

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Yovanovitch disse aos congressistas do inquérito sobre o impeachment que Trump pressionou durante meses pela sua remoção mesmo com o Departamento de Estado sabendo que ela “não fez nada de errado”.

Por meio de seus associados que também trabalharam pela remoção da embaixadora, Lev Parnas e Igor Fruman, Giuliani entrou em contato no início deste ano com Lutsenko, que era o principal promotor da Ucrânia até agosto último. Parnas e Fruman também tinham colocado Giuliani em contato com o predecessor de Lutsenko, Viktor Shokin, no fim do ano passado.

Parnas disse aos promotores que Yovanovitch estava prejudicando seus esforços para entrar em um negócio de gás na Ucrânia. Parnas também contou que uma de seus empresas pagou a Giuliani centenas de milhares de dólares por um empreendimento não relacionado nos EUA, e que Giuliani aconselhou a ele e Fruman em um processo na Ucrânia.

Lutsenko procurou repassar as informações que coletou sobre alvos de Trump para autoridades judiciais nos EUA e viu Giuliani como alguém que poderia fazer isso acontecer. Giuliani e Lutsenko conversaram primeiro por telefone e depois se encontraram pessoalmente em Nova York em janeiro.

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Lutsenko inicialmente pediu a Giuliani que o representasse, disse o ex-prefeito, que afirmou ter recusado o pedido porque isso o colocaria em conflito com seu trabalho para o presidente. No lugar disso, contou Giuliani, ele entrevistou Lutsenko por horas, e então um de seus funcionários — um “investigador profissional que trabalha para minha empresa” — escreveu memorandos detalhando as alegações do promotor ucraniano sobre Yovanovitch, Biden e outros.

Giuliani disse ter dado estes memorandos ao secretário de Estado, Mike Pompeo, este ano, e que lhe contaram que o Departamento de Estado repassou os documentos para o FBI. Ele não revelou quem lhe disse isso.

Giuliani disse ainda que também passou os memorandos para o colunista John Solomon, que na época trabalhava no jornal The Hill e publicava artigos e vídeos com críticas a Yovanovitch, os Bidens e outros alvos de Trump. Não está claro até onde os memorando de Giuliani serviram como base para Solomon, que entrevistou de forma independente Lutsenko e outras fontes. Solomon não respondeu aos pedidos de comentários.

O presidente está procurando se distanciar de Giuliani, dizendo estar incerto se o advogado ainda o representa.

"Não falei com Rudy", disse Trump a repórteres nesta sexta-feira. — Conversei com ele ontem rapidamente. Ele é um advogado muito bom, e tem sido meu advogado.

Posteriormente, Giuliani afirmou ainda representar Trump.

Na manhã deste sábado, no entanto, Trump saiu em defesa de Giuliani após a publicação desta reportagem pelo New York Times.

“Então agora eles estão atrás do lendário ‘destruidor do crime e maior prefeito de Nova York da História, Rudy Giuliani”, escreveu o presidente em sua conta no Twitter. “Ele às vezes pode parecer meio durão, mas também é uma cara muito legal e um advogado maravilhoso. Que caça às bruxas unilateral está acontecendo nos EUA. Estado profundo. Vergonhoso”, acrescentou.

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