Antonio Cruz/ Agência Brasil - 23.10.15
"Tá com a sua mãe", respondeu Bolsonaro a homem que perguntou onde está o Queiroz

Enquanto cumprimentava apoiadores no portão do Palácio da Alvorada na manhã deste sábado (5), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) rebateu com irritação um ciclista que perguntou onde está Fabrício Queiroz , ex-assessor de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).

"Tá com a sua mãe", disse  Bolsonaro duas vezes enquanto e se preparava para voltar a pilotar uma moto dentro das dependências do palácio.

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Até então, o presidente conversava amistosamente com cerca de 20 simpatizantes e era saudado por eles. O comentário do homem, que não foi identificado pela reportagem, ocorreu, portanto, fora do contexto.

Flávio e Queiroz, seu ex-assessor e amigo da família Bolsonaro, são alvo de procedimento investigatório do Ministério Público do Rio de Janeiro iniciado a partir de relatórios do hoje extinto Conselho de Controle de Atividades Financeiras ( Coaf ) — hoje Unidade de Inteligência Financeira (UIF).

O órgão identificou uma movimentação suspeita de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz e também na conta do filho mais velho de Bolsonaro. Em um mês, foram 48 depósitos em dinheiro, no total de R$ 96 mil.

Em fevereiro deste ano, Queiroz depôs por escrito ao MP-RJ e admitiu que ficava com parte dos salários dos funcionários do gabinete de Flávio, mas garantiu que o parlamentar não tinha conhecimento das suas ações. O depoimento, no entanto, não sanou todas as dúvidas dos investigadores.

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Mesmo após os esclarecimentos, o Ministério Público do Rio entrou com um pedido de quebra de sigilo fiscal e bancário de Flávio, Queiroz e outros envolvidos na investigação. O argumento era de que existem indícios de organização criminosa no gabinete do filho do presidente. A Justiça do Rio autorizou em abril o procedimento requisitado pela investigação, que está suspensa desde julho por decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli.

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Apesar de não ser considerado foragido pela Justiça e nem esperado para depor às autoridades, Queiroz desapareceu por meses e aumentou a desconfiança que paira sobre ele diante dos indícios investigados pelo MP-RJ de que administrava uma “rachadinha” no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), recolhendo de funcionários parte de seus salários como condição para que fossem contratados.

Meses depois da última aparição, Queiroz foi localizado pela revista Veja no fim de agosto. A publicação informou que ele passou a morar no Morumbi, bairro nobre da zona sul de São Paulo, e seguia em tratamento contra o câncer num dos hospitais mais caros do Brasil, o Albert Eistein.

Investigação suspensa

Na última segunda-feira, dia 30/9, o ministro Gilmar Mendes , do Supremo Tribunal Federal (STF),  determinou a suspensão de todas as investigações sobre o senador Flávio Bolsonaro no Rio de Janeiro. Em reclamação apresentada ao Supremo no início de setembro, o parlamentar afirmou que, mesmo diante de decisão do presidente do tribunal, Dias Toffoli , as investigações sobre ele prosseguiram.

Em julho,  Toffoli determinou a suspensão de todos os processos e investigações nos quais houve compartilhamento sem autorização judicial de dados sigilosos detalhados de órgãos de inteligência, como o extinto Coaf. A reclamação é um tipo de ação que contesta o cumprimento de decisões do STF.

No pedido ao Supremo, a defesa de Flávio argumenta também que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) determinou, no dia 27 de agosto, a inclusão de dois habeas corpus do senador na pauta de julgamentos do tribunal.

A decisão de Gilmar diz que todos os atos devem ser suspensos até que a questão do uso de dados dos órgãos de inteligência sem aval judicial seja julgada pelo plenário do STF, o que está marcado para 21 de novembro.

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