O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebe nesta segunda-feira (15) o mandatário da República da Itália, Sergio Mattarella, que desembarcou no domingo (14), em Brasília, para uma visita de cinco dias. Esta é a primeira viagem de um chefe de Estado italiano ao país em 24 anos. No começo da noite, Matarella e sua comitiva se hospedaram na suíte presidencial do Royal Tulip Brasília Alvorada, sendo recebidos pelo gerente-geral do estabelecimento, Jean Nogueira.
Na pauta da viagem de Mattarella são destaques o aniversário de 150 anos da imigração italiana no Brasil e o diálogo entre dois grandes fóruns multilaterais. Atualmente, o Brasil preside o G-20 (grupo das 20 maiores economias do planeta) e a Itália, o G-7 (grupo dos sete países democráticos mais ricos). Outros temas de interesse são o acordo Mercosul-União Europeia, o enfrentamento às mudanças climáticas, a transição energética, o combate à fome e à desigualdade e a proposta brasileira de taxação de super-ricos, carro-chefe da presidência brasileira no G-20.
Também está previsto que Mattarella assine a renovação do acordo sobre o reconhecimento recíproco de carteiras de habilitação. Está prevista também a assinatura de memorandos de entendimento entre a Universidade de Turim e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Além de Brasília, o presidente italiano visitará o Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador.
A visita de Mattarella ocorre em um momento de reaproximação entre os dois países e em caráter de reciprocidade. Em junho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou à Itália , onde o Brasil participou, como convidado, da reunião do G-7. Antes, Brasil e Itália enfrentaram tensões no processo de extradição do terrorista Cesare Battisti e divergências em pontos de vista sobre as guerras na Ucrânia e em Faixa de Gaza.
O processo de reconhecimento da cidadania italiana de brasileiros descendentes de imigrantes é outro foco de tensões. Nos últimos meses, houve denúncias de irregularidades em processos de reconhecimento e reclamações de prefeituras italianas de excesso de processos judiciais de brasileiros.
Programação
A visita começa em Brasília, onde o presidente italiano, após desembarcar, jantou no restaurante Fazenda Churrascada.
Nesta segunda-feira (15), Mattarella e Lula terão uma reunião de trabalho às 10h30. Os dois assinarão atos conjuntos e darão declarações à imprensa. Em seguida, almoçarão no Itamaraty.
Na terça-feira (16), Mattarella irá ao Rio Grande do Sul, um dos principais redutos de imigrantes italianos no Brasil , onde levará uma mensagem de solidariedade à população afetada pelas enchentes no estado. Segundo a Embaixada da Itália no Brasil, o país europeu enviou mais de 25 toneladas de itens de ajuda humanitária e de equipamentos ao estado.
Acompanhado do governador Eduardo Leite e do presidente Lula, Mattarella visitará o Centro Humanitário de Acolhimento Recomeço, em Canoas. Existe a possibilidade de que o presidente italiano visite a cidade de Santa Tereza, no vale do Rio Taquari, um dos municípios mais afetados pelas chuvas.
Na quarta-feira (17), o presidente italiano estará em São Paulo. Na capital paulista, visitará o Museu da Imigração e a organização Arsenal da Esperança, administrada pelo Serviço Missionário Jovem de Turim, que fornece ajuda à população sem-teto. Às 16h, ele se reunirá com cerca de 200 representantes da comunidade italiana no Circolo Italiano San Paolo.
Na quinta-feira (18), Mattarella irá ao Rio de Janeiro, onde discursará no Centro Brasileiro de Relações Internacionais. Na sexta-feira (19), o chefe de Estado italiano encerra a viagem em Salvador, com uma visita à Comunidade Franciscana de Betânia.
Economia
A Itália tem cerca de 1 mil empresas italianas que geram 150 mil empregos diretos no Brasil, mas as relações podem se expandir.
Em 2023, a Itália ficou em 18º lugar entre os principais investidores estrangeiros no Brasil, segundo o Banco Central (BC) brasileiro. No ano passado, as empresas italianas investiram US$ 319 milhões no País, contra US$ 2,492 bilhões das empresas da Espanha, o quarto maior investidor no Brasil no mesmo período.
As trocas comerciais entre os dois países também têm potencial de aumento. De janeiro a junho deste ano, o Brasil importou US$ 870,4 milhões a mais do que exportou para a Itália. O país europeu foi apenas o 14º maior destino das mercadorias brasileiras e ficou em 6º lugar no ranking de importações.
As vendas para a Itália são dominadas pelas commodities (bens primários com cotação internacional), com as compras lideradas por produtos manufaturados. Nas exportações, os principais produtos vendidos para a Itália no primeiro semestre foram celulose, café não torrado e soja. Nas importações, os principais destaques foram medicamentos (veterinários e não veterinários), partes e acessórios de veículos, produtos industrializados e máquinas para a indústria.
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