Em meio à revoltas no mundo árabe, governo anuncia que sauditas poderão concorrer e votar nas eleições municipais a partir de 2015
O rei Abdullah da Arábia Saudita anunciou neste domingo que pela primeira vez as mulheres do país terão o direito de votar e concorrer nas próximas eleições municipais. A mudança, que passará a valer a partir de 2015, acontece em meio às revoltas populares no mundo árabe e foi celebrada por ativistas que há anos pedem mais direitos às mulheres sauditas .
A eleição municipal é a única realizada na Arábia Saudita , um país conservador onde as mulheres não têm permissão para dirigir ou viajar para o exterior desacompanhadas. A mudança não afetará a votação deste ano, marcada para quinta-feira, quando estarão em disputa metade das 285 cadeiras da Shura – a outra metade é nomeada pelo governo.
Mas os tumultos não chegaram a ganhar repercussão no país principalmente porque o governo se apressou em anunciar benefícios sociais para a população.
De acordo com o jornal The New York Times, o reino está gastando US$ 130 milhões (cerca de R$ 205,5 milhões) para aumentar salários, construir moradias e financiar organizações religiosas, entre outras despesas que têm efetivamente neutralizado a oposição.
Assim, as reservas monetárias do rei, que aumentaram outros US$ 214 bilhões com os lucros que o país obteve do petróleo no ano passado, formam uma proteção para a família real contra os pedidos de mudança que tomam conta da região.
Repercussão
O governo dos EUA elogiou o anúncio do rei saudita. "Essas reformas reconhecem as contribuições significativas das mulheres na Arábia Saudita à sua sociedade, e oferecerão novas formas de participar das decisões que afetam suas vidas e comunidades", disse em comunicado o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Tommy Vietor.
"Os anúncios representam um importante passo para ampliar os direitos das mulheres na Arábia Saudita, e apoiamos o rei Abdullah e o povo da Arábia Saudita em seus esforços para realizar estas e outras reformas", disse.
*Com EFE