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Ministros deram até esse domingo para Damasco permitir a entrada de missão observadora ou país sofrerá nova rodada de sanções

A Síria está enfrentando um novo ultimato da Liga Árabe para permitir a entrada de observadores independentes no país, que, segundo a ONU, está em uma guerra civil que, em oito meses, deixou 4 mil mortos .

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Crianças participam de passeata contra Bashar al-Assad no Líbano (3/12)
Reuters
Crianças participam de passeata contra Bashar al-Assad no Líbano (3/12)

Os ministros das Relações Exteriores árabes decidiram no sábado que Damasco tem até esse domingo para concordar com o plano da liga. Se a Síria não der sinais de cooperação, novas sanções serão aplicadas ao país.

Um porta-voz do governo afirmou que a Síria estava negociando com a Liga Árabe a questão da entrada da missão observadora. A Liga Árabe também confirmou que as sanções avaliadas na semana passada, depois que a Síria ignorou um primeiro ultimato, foram aprovadas.

A revolta no país continua e neste domingo pelo menos nove pessoas morreram, incluindo uma professora universitária e um pai com seus três filhos na região central do país. O Comitê de Coordenação Local afirmou que os confrontos deixaram 22 mortos neste domingo, mas esse número não pôde ser confirmado.

Ativistas dizem que uma blogueira nascida nos EUA foi presa na fronteira do país com a Jordânia, enquanto estava a caminho de um workshop sobre imprensa livre no mundo árabe. Um comunicado divulgado pelo Centro Sírio para Mídia e Liberdade de Expressão afirmou que Razan Ghazzawi foi detida pela polícia e oficiais de imigração na fronteira, quando ela estava indo para Amã.

O Comitê de Coordenação Local também confirmou sua prisão neste domingo.

Depois de uma reunião ministerial da Liga Árabe no sábado, o premiê do Catar, xeque Hamad bin Jassim Jabr al-Thani disse: "Nós dissemos ao chanceler da Síria que o governo tem até amanhã (domingo) para assinar e nós estamos esperando uma resposta. Além do ultimato, nós estamos tentando convencê-lo de que esse é o caminho certo."

O porta-voz sírio Jihad Makdissi declarou em Damasco neste domingo: "Mensagens estão sendo trocadas entre a Síria e a Liga Árabe para alcançarmos uma certa visão que facilitaria a missão observadora na Síria, ao mesmo tempo, presevando a soberania e os interesses da Síria."

No encontro em Cairo, ministros árabes também confirmaram novas sanções econômicas contra Damasco aprovadas na semana passada. Elas incluem o corte nas transações com o Banco Central da Síria, congelamento de bens de 19 autoridades e a ajuda ao presidente Bashar al-Assad, além de impedir que ele viaje a outros países árabes.

Thani acrescentou: "O comitê deve acrescentar mais medidas no futuro, dependendo da situação da Síria."

O governo de Damasco afirmou que está lutando contra grupos armados terroristas. Segundo autoridades do país, as propostas da Liga Árabe impõem "condições impossíveis" em Damasco e dá aos monitores muita autoridade, o que interferiria na soberania russa.

No sábado, os confrontos entre tropas do governo e desertores do Exército provocaram ao menos 23 mortes. Até pouco tempo atrás, a maior parte das mortes era causada pela repressão dos agentes de segurança pró-Assad contra uma maioria de manifestantes pacíficos. Mas há algumas semanas, têm aumentado os registros de luta armada.

Em um dos incidentes mais sangrentos do último sábado, sete membros das forças de segurança, cinco desertores e três civis morreram em uma batalha em Idlib, ao norte do país, próximo à fronteira com a Turquia, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos.

Na semana passada, o Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) condenou a repressão do governo de Assad e anunciou que enviará um investigador ao país.

Com AP e BBC