
Alexandre de Moraes não tem descanso nem no recesso de Natal.
Às 23h do dia 25 de dezembro, uma equipe da Polícia Federal foi até o endereço do ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques, em Santa Catarina, e não o encontrou.
O sinal GPS da tornozeleira eletrônica do agente condenado por participar da trama golpista deixou de emitir sinal naquele dia. Foi o alerta de que algo estranho estava acontecendo.
Vasques foi encontrado no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi, em Assunção, no Paraguai – a centenas de quilômetros de onde deveria estar.
Ele aguardava com o equipamento o transito em julgado da sentença que o sentenciou a 24 anos e seis meses de prisão por escalar a PRF para prejudicar o deslocamento de eleitores em cidades do Nordeste, onde Lula (PT) era favorito na disputa em 2022.
O ex-chefe da PRF estava com documentos falsificados e pretendia fugir para El Salvador, do extremista Nayib Bukele.
Silvinei Vasques repete, assim, o modus operandi dos comparsas bolsonaristas que fugiram para o exterior para escapar da cadeia. Na lista estão os ex-deputados Carla Zambelli, foragida na Itália, e Alexandre Ramagem, nos Estados Unidos.
A trama reforça a suspeita de que o chefe da quadrilha, Jair Bolsonaro, não danificou a tornozeleira eletrônica apenas por curiosidade, como alegou, mas porque provavelmente sonhava com um abrigo em um país ou embaixada aliada. Moraes tinha razão em não correr o risco e mandar prender o ex-presidente assim que o sinal deixou de apitar.
Até agora o STF condenou 29 acusados pela trama golpista – e só os do núcleo crucial começaram a cumprir a pena. Todo alerta sobre os demais é pouco.
*Este texto não reflete necessariamente a opinião do Portal iG