
A partir desta segunda-feira os olhos do mundo todo estarão voltados para Belém (PA), cidade-sede da 30ª Conferência da ONU para o Climal. De lá sairão diagnósticos e propostas para impedir que o Planeta exploda antes do previsto, daqui a alguns bilhões de anos.
O Brasil recebe autoridades internacionais à sombra do próprio presente, do próprio passado e do futuro de todos.
O presente está escancarado no noticiário sobre o tornado que matou, desalojou e destruiu o que viu pela frente no Sul , a mais de 3 mil quilômetros da capital paraense.
O presente é a quantidade de área desmatada no entorno das grandes cidades amazônicas, visível no trajeto até Belém.
O futuro é um projeto de exploração de petróleo perto dali, no Amapá, onde está a foz do Amazonas e um potencial de exploração de riquezas que opõem modelos distintos de geração de energia. Uma é limpa e está (ou deveria estar) a caminho. Outra está com os dias contados e deixa como resíduo uma bomba-relógio que já explodiu e seguirá explodindo enquanto o mundo não traçar um plano de redução de dependência de combustíveis fósseis.
O cartão de visitas do Brasil é preocupante. E todos ali sabem exatamente a ligação entre um fenômeno e outro.
Florestas, como esta que recebe a COP 30, funcionam como bombas de umidade que liberam vapor, formam nuvens e alimentam o regime de chuvas por corredores aéreos conhecidos como “rios voadores”.
Sem essa vegetação, o calor aumenta, a umidade diminui e as chuvas se tornam mais irregulares e concentradas. Uma face da tragédia são as secas severas. Outras, as tempestades intensas, com furacões e enchentes resultantes do super aquecimento.
Chuvas concentradas são chuvas que esbarram em paredões de altas temperaturas e se precipitam (aqui em duplo sentido MESMO), fazendo chover muito em poucos lugares e sem dispersão.
Por isso tanta gente morre no Sul quando as árvores são derrubadas no Norte.
Por isso é preciso manter a floresta em pé para restabelecer um equilíbrio na temperatura e no regime de chuvas, a fonte de renovação das plantações que se expandem sem levar em conta a destruição – do Planeta, sim, mas também dos negócios.
Como diz a música: a lição sabemos de cor. Falta aprender.
A COP30 será uma grande oportunidade. Talvez a última.
*Este texto não reflete necessariamente a opinião do Portal iG