Bill Gates x Haddad: entenda o que se sabe sobre embate climático

Ministro da Fazenda respondeu às críticas do empresário sobre a agenda climática durante evento em São Paulo

Haddad também associou a pauta ambiental ao equilíbrio fiscal
Foto: Reprodução/Youtube
Haddad também associou a pauta ambiental ao equilíbrio fiscal

A recente troca de declarações entre o empresário Bill Gates e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), expôs visões distintas sobre o enfrentamento das mudanças climáticas e a transição energética.

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O debate ganhou destaque nesta terça-feira (4), durante o Bloomberg Green Summit, realizado em São Paulo.

Na semana anterior ao evento, Gates havia publicado em seu blog pessoal um texto no qual questionou o que chamou de “perspectiva apocalíptica” sobre o aquecimento global.

Para o cofundador da Microsoft, embora o problema seja grave, ele não representa uma ameaça de colapso total da humanidade.

Gates defendeu que, além de reduzir emissões, a prioridade deve ser aliviar o sofrimento imediato de populações em situação de pobreza e vulnerabilidade, especialmente nos países em desenvolvimento.

A posição foi interpretada por alguns analistas como uma mudança em relação às ideias apresentadas por ele em How to Avoid a Climate Disaster, livro de 2021 no qual defendia metas mais rígidas para zerar emissões de carbono.

O novo discurso foi rapidamente incorporado por críticos da agenda climática, como o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que classificou a fala de Gates como uma “vitória” contra o que chamou de “alarmismo climático”.


Posição de Haddad

Em São Paulo, Haddad respondeu diretamente às declarações. “Independentemente do que o Bill Gates ache, o Brasil tem energia limpa e barata, e não tem sentido a gente trocar por energia suja e cara”, afirmou o ministro, em defesa da política ambiental do governo.

Durante sua participação no Bloomberg Green Summit, Haddad ressaltou que o país mantém vantagens competitivas em relação a outras economias justamente por sua matriz energética majoritariamente renovável, composta por fontes hidrelétricas, eólicas e solares.

Segundo o ministro, essa característica é central para a política de desenvolvimento econômico sustentável que o Brasil busca consolidar.

Haddad também associou a pauta ambiental ao equilíbrio fiscal, destacando que o governo pretende encerrar 2026 com o melhor resultado das contas públicas em quatro anos.

Essa estabilidade, segundo ele, permitirá ao país sustentar investimentos em transição energética sem comprometer a responsabilidade fiscal.