Gaza: saiba como é o plano de Trump para supervisão internacional

Proposta cria conselho liderado pelo presidente e prevê cessar-fogo, governo transitório e reconstrução

O plano propõe a formação de um comitê de tecnocratas palestinos
Foto: Donald Trump/X
O plano propõe a formação de um comitê de tecnocratas palestinos
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira (29) o “Plano abrangente para encerrar o conflito em Gaza” , também chamado de “Plano de 20 Pontos” .

O documento foi divulgado antes da reunião com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e estabelece diretrizes para um cessar-fogo imediato, a criação de um governo transitório palestino e a supervisão internacional da Faixa de Gaza.

O plano propõe a formação de um comitê de tecnocratas palestinos, responsáveis por serviços diários como saúde, educação e administração municipal.

Esse comitê seria supervisionado por um órgão internacional temporário, o Board of Peace (Conselho de Paz), presidido por Trump e com participação do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.

A composição completa do conselho ainda não foi anunciada, mas a Casa Branca informou que contará com representantes de países aliados.

Entre as atribuições do conselho, estão a desmilitarização de Gaza, com inspetores independentes encarregados de desarmar o Hamas, e a criação de uma força de estabilização internacional para treinar uma nova polícia palestina.

O órgão também será responsável por coordenar a reconstrução por meio do “Plano de Desenvolvimento Econômico Trump” , que prevê transformar a região em uma zona econômica especial.


O financiamento deverá ser gerido em conjunto com a ONU e o Crescente Vermelho, sem deslocamento forçado da população local.

O plano estabelece a libertação de todos os reféns em até 72 horas, uma troca de prisioneiros envolvendo a soltura de 250 condenados à prisão perpétua e 1.700 detidos por Israel, além da retirada gradual das forças israelenses.

Netanyahu aceitou a proposta em princípio, mas afirmou que, caso o Hamas rejeite, Israel continuará a ofensiva militar. 

Críticas ao projeto

Donald Trump discursou na ONU na semana passada
Foto: Reprodução/Youtube
Donald Trump discursou na ONU na semana passada


Representantes do Hamas reagiram afirmando não ter recebido oficialmente o plano e classificaram a proposta como uma forma de rendição, já que exclui o grupo da governança futura.

Líderes de países árabes como Arábia Saudita, Egito e Qatar demonstraram apoio inicial, destacando a promessa de reconstrução e a ausência de expulsões em massa.

A ONU e a União Europeia apontaram semelhanças entre a iniciativa e propostas anteriores, mas ressaltaram que há desafios legais e políticos para sua implementação.

Segundo informações das agências AFP e Reuters, líderes do Hamas não receberam ainda o plano de Trump e que acreditam na boa-fé do presidente dos Estados Unidos para ocorrer um cessar-fogo.

Veja os 20 pontos:

1.º – Gaza será transformada em uma zona livre de terrorismo, deixando de representar ameaça a Israel.

2.º – O território será reconstruído em benefício da sua população.

3.º – Será declarado cessar-fogo imediato, acompanhado da retirada gradual das forças israelenses, com o objetivo de preparar a libertação dos reféns.

4.º – Todos os reféns mantidos pelo Hamas, vivos ou mortos, deverão ser libertados no prazo de 72 horas.

5.º – Israel libertará 250 prisioneiros palestinos condenados à prisão perpétua e 1.700 residentes de Gaza detidos após os ataques de 7 de outubro.

6.º – O Hamas assumirá compromisso com a coexistência pacífica e o processo de desarmamento.

7.º – Após a aceitação do acordo, será garantido o envio de toda a ajuda humanitária necessária a Gaza.

8.º – A entrada e a distribuição dessa ajuda ocorrerão sem interferências, sob responsabilidade de agências da ONU.

9.º – A administração de Gaza ficará a cargo de um comitê tecnocrático, supervisionado por um “Conselho da Paz” internacional, presidido por Donald Trump e com participação do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair. Posteriormente, uma Autoridade Palestina reformada assumirá o controle.

10.º – Será elaborado um plano de desenvolvimento econômico voltado à atração de investimentos para Gaza.

11.º – Uma zona econômica especial será criada no território.

12.º – Não haverá deslocamentos forçados. Aqueles que deixarem Gaza voluntariamente terão direito de retorno, embora a prioridade seja incentivar a permanência da população para a construção de uma região mais estável.

13.º – O Hamas e outras facções serão proibidos de governar Gaza, direta ou indiretamente. A região será desmilitarizada sob supervisão internacional.

14.º – Países da região se comprometerão a garantir que o Hamas e outros grupos cumpram os compromissos assumidos e que Gaza não represente ameaça aos seus cidadãos ou vizinhos.

15.º – Será enviada uma Força Internacional de Estabilização (ISF), apoiada pelos Estados Unidos e parceiros árabes, para treinar a polícia palestina e assegurar a segurança interna e de fronteiras, em cooperação com Egito e Israel.

16.º – Israel não ocupará nem anexará Gaza. A retirada será feita de forma gradual, transferindo o controle à ISF, mantendo apenas um perímetro de segurança, se necessário.

17.º – Caso o Hamas rejeite ou adie a proposta, as medidas previstas serão aplicadas nas áreas consideradas “livres de terrorismo” que Israel repassar à ISF.

18.º – Será promovido o diálogo inter-religioso para estimular tolerância e coexistência pacífica entre palestinos e israelenses.

19.º – À medida que a reconstrução avançar e a Autoridade Palestina passar por reformas, será aberta a possibilidade de autodeterminação e da criação de um Estado palestino.

20.º – Os Estados Unidos conduzirão o diálogo entre Israel e Palestina para estabelecer um horizonte político que viabilize a coexistência pacífica e próspera entre os dois povos.