
A CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que apura fraudes contra beneficiários do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) ouviu nesta segunda-feira (1º) o advogado Eli Cohen, considerado peça-chave nas investigações.
Ele relatou que, ao acionar a polícia civil paulista em 2022, não houve avanço no inquérito.
“Quando protocolei a notícia-crime, já entreguei tudo pronto, com as informações necessárias. Nesse tipo de situação, a polícia civil do estado de São Paulo praticamente só precisa emitir a intimação, porque a investigação está toda detalhada. Mas passaram-se dois meses sem qualquer andamento, e eu já imaginava que nada aconteceria” , afirmou Cohen.
Segundo o advogado, a ausência de medidas levou-o a procurar jornalistas para dar visibilidade ao caso.
“Primeiro, procurei o jornalista Otto, da revista Veja. Ele demonstrou grande interesse no material, como sempre faz com os conteúdos que envio, mas não pôde publicar naquele momento porque o país estava em segundo turno das eleições municipais. Ainda assim, ele chegou a soltar uma nota curta, informando que nas edições seguintes detalharia o funcionamento desse esquema em capítulos” , relatou.
Cohen disse que a breve menção publicada pela Veja despertou a atenção de Luiz Vassalo, do portal Metrópoles.
“Ele me ligou e disse que estava muito interessado no tema, porque já havia tentado apurar algo parecido antes, mas não tinha os recursos e a estrutura que nós dispomos. Perguntou se eu poderia compartilhar o material, e eu prontamente forneci. Graças ao trabalho dele, essa investigação ganhou repercussão e se ampliou, chegando ao ponto em que estamos hoje.”
O advogado relatou que começou a levantar informações sobre o esquema em dezembro de 2022, após ser procurado por dois aposentados que relatavam descontos irregulares e empréstimos não autorizados. “Já tinha dados, mas ninguém quis investigar” , disse.
Painel apresentado na CPMI do INSS
No depoimento, Cohen apresentou um painel com organogramas do funcionamento da fraude.
Ele citou nomes de empresas, incluindo companhias que, segundo suas palavras, são sérias e honestas, mas que foram envolvidas no fluxo do golpe.
Ele explicou a existência de um núcleo em Brasília que, de acordo com sua apuração, tinha acesso direto ao INSS.
Ao descrever a estrutura, Cohen declarou que o centro da operação atuava em larga escala. “Ali existia a materialidade de um golpe bilionário” , afirmou.