
Quem assistiu à trilogia “O Poderoso Chefão”, de Francis Ford Coppola, vai se lembrar de quando os mafiosos retratados ali decidem expandir os negócios para sobreviver (sim, uma contradição em termos, já que morre meio elenco para isso). Saem de cena os cartéis de azeite e álcool e entra o submundo das drogas.
Com o PCC o caminho foi inverso. A facção se fortaleceu no mundo das drogas e criou raízes.
Hoje ninguém precisa ser usuário de cocaína para abastecer o grupo. É só abastecer o carro no posto da esquina.
Nesta quinta-feira 1.400 agentes foram às ruas para cumprir mandados da Carbono Oculto, maior ação policial contra o crime organizado da história do país. Eles cumpriram mandados de busca, apreensão e prisão em empresas de combustíveis e do mercado financeiro.
O objetivo é combater os tentáculos do crime organizado em negócios regulares da economia formal. Ou seja: os lugares onde abastecemos ou contratamos serviços.
A operação mostra a dimensão que a organização tomou no país.
Além do tráfico, os negócios se expandiram a chegaram a corretoras, fintechs e admnistração de fundos. Para algum lugar o dinheiro digital precisava ir.
Essa bancarização, segundo o Ministério Público de São Paulo, reduziu a movimentação de dinheiro e o envio de recursos a paraísos fiscais. Abriu, em contrapartida, espaço para investimentos diversos, com debêntures e ações.
Tudo isso debaixo (ou acima) das gravatas que perambulam pela Faria Lima, avenida icônica onde estão as sedes das principais instituições financeiras do país.
Para os gerentes das instituições, o cliente sempre tem razão – e não importa como conseguiu o dinheiro, e sim onde se aplica.
Deu tão certo que o PCC já tem até a uma corretora para chamar de sua.
Pois é.
Foi-se o tempo em que para fazer parte ou financiar a facção era preciso passar por um batismo.
Hoje isso acontece sem que você perceba.
É só escolher débito ou crédito e passar o cartão apresentado pelo frentista.
*Este texto não reflete necessariamente a opinião do Portal iG