
Brasília vive um clima de guerra a uma semana do início do julgamento de Jair Bolsonaro (PL).
Neste domingo o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, gravou um vídeo na frente do condomínio onde mora o ex-presidente para mostrar que, para sair de lá e se abrigar em alguma embaixada da capital, basta querer.
Não havia sinais de policiamento ou reforço da vigilância.
O único alerta seria emitido pela tornozeleira eletrônica. Até os agentes perceberem ele andou mais do que podia, o réu já seria um asilado de Javier Milei ou Donald Trump.
Não seria exagero, já que em um dos celulares de Bolsonaro apreendidos pela PF estava a minuta de um plano de fuga para a Argentina.
Por isso o parlamentar pedia a prisão temporária em regime fechado.
Acionado, o Supremo Tribunal Federal pediu que a Procuradoria Geral da República se manifestasse.
Em menos de 24 horas a resposta estava pronta.
Paulo Gonet, o procurador-geral, defendeu que a Polícia Federal amplie o monitoramento de Bolsonaro, com equipes da PF de prontidão e em tempo integral.
Com o detalhe: as medidas não deveriam ser "intrusivas" da esfera domiciliar do réu" nem "perturbadores das suas relações de vizinhança”. Ou seja: Bolsonaro ainda pode usar o banheiro sem ser incomodado.
As medidas, se autorizadas, se juntam ao aumento da atenção em relação à segurança no próprio STF.
O esquema prevê a realização até de varreduras nas casas de ministros e o isolamento da praça dos Três Poderes, para limitar a circulação.
Foi lá que, em novembro do ano passado, um homem se explodiu ao lado da estátua da Justiça – como forma de protesto ao que classificava como perseguição a Bolsonaro.
O efetivo do Supremo contará com um efetivo extra de 30 policiais que atuam em tribunais de vários lugares do país. Eles já estão alojados e dormem em locais improvisados na sede da Suprema Corte.
Quanto mais perto do dia da sentença, mais ameaças recebem os ministros responsáveis por julgar o ex-presidente.
É o resultado de anos de ataques contra as instituições e alegações infundadas sobre perseguição e fraude nas urnas – discurso que joga gasolina numa fogueira montada pela extrema-direita em torno do local onde acontece agora o julgamento do grupo.
A História mostra que todo cuidado é pouco.
*Este texto não reflete necessariamente a opinião do Portal iG