
A sessão da Câmara dos Deputados foi reaberta nesta quarta-feira (06) com discurso firme do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos), que criticou a ocupação do Plenário por parlamentares da oposição e afirmou que o movimento “ não fez bem a esta Casa ”.
Motta destacou que a retomada dos trabalhos precisa ocorrer com respeito às normas internas e à democracia: “ Vamos apostar no diálogo. Projetos pessoais não podem estar à frente daquilo que é maior que todos nós, que é o nosso povo ”.
A fala de Motta marcou o início da sessão após o recesso parlamentar e buscou reafirmar a autoridade da presidência em meio ao impasse gerado pela ocupação do Plenário Ulysses Guimarães .
Durante a manhã e a tarde, o presidente disse ter dialogado com todas as lideranças da Casa para viabilizar a abertura da sessão.
“ Estamos aqui oficialmente retomando os nossos trabalhos. O que aconteceu entre o dia de ontem e o dia de hoje, no movimento de obstrução física, não foi bom e não condiz com a nossa história ”, afirmou.
Ele reforçou que manifestações são legítimas, mas devem respeitar o Regimento Interno e a Constituição: “ A oposição tem todo o direito de se manifestar, de expressar a sua vontade (...), mas tudo isso tem que ser feito obedecendo o nosso regimento ”.
Presidência reafirma imparcialidade
Ao longo do discurso, Motta ressaltou que não será omisso diante de desafios. “ Os senhores e senhoras não esperem nunca desta presidência omissão ou falta de coragem para decidir sobre qualquer tema ”, disse.
Segundo ele, a condução da Câmara deve buscar consensos em torno de uma agenda nacional, sem atender a interesses individuais ou partidários.
“ Não estou aqui para ser conivente com uma agenda que tenha um só compromisso ou um só lado. Estamos aqui para construir a pauta da convergência, do fortalecimento do Parlamento e, acima de tudo, uma pauta pró-país ”, afirmou.
No encerramento da sessão, o presidente anunciou que nova sessão deliberativa extraordinária será convocada, com data, horário e pauta a serem informados ao Plenário.
Obstrução de sessões na Câmara e no Senado
Desde terça-feira (05), deputados e senadores de direita e centro-direita mantêm obstrução física nos plenários da Câmara e do Senado, exigindo que os presidentes das duas Casas, Hugo Motta e Davi Alcolumbre (União), pautem projetos de interesse da oposição.
A principal demanda é a votação do chamado “Pacote da Paz”, que inclui a anistia a presos pelos atos de 08 de janeiro de 2023, o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o fim do foro privilegiado.
Os manifestantes revezaram-se na ocupação dos plenários principais, o Salão Verde da Câmara e o Salão Azul do Senado, e também impediram o uso de espaços alternativos, como o auditório Nereu Ramos, ao ocuparem os assentos destinados a sessões deliberativas.
A pressão é liderada pelo Partido Liberal (PL), de Bolsonaro, e tem como estratégia forçar um acordo direto entre Motta e Alcolumbre.