
A convocação de Jair Bolsonaro (PL) para manifestações em diversas cidades, marcadas para o dia 16 de março, volta a colocar frente a frente os discursos de aliados e opositores sobre esse tipo de iniciativa para mobilizar suas bases.
A manifestação será, segundo os organizadores, uma demonstração de força política do ex-presidente e de aliados.
Conforme apurado pela reportagem, a base do governo estuda a possibilidade de também convocar uma manifestação contra a anistia a Bolsonaro. Porém, a decisão só será tomada após os atos em favor do ex-presidente. A ideia é saber qual a repercussão e adesão aos protestos.
Imagem de Bolsonaro após denúncias
A mobilização para os protestos ocorre no contexto da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente e outras 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado.
Como revelou o grupo de jornalismo investigativo do iG, Vai na Fonte, nesta quinta-feira , as passeatas são uma das apostas de Bolsonaro e aliados para tentar alavancar a imagem do ex-presidente como a de um protagonista da política, mesmo após a representação da Procuradoria.
A outra investida, segundo a apuração do Vai na Fonte, é a articulação com aliados de estratégias políticas e jurídicas para reverter a inelegibilidade de Bolsonaro, evitar uma possível prisão e garantir participação nas eleições de 2026.
Ele estaria buscando fortalecer sua base com os atos públicos e, ao mesmo tempo, obter apoio de aliados no Supremo Tribunal Federal e no Congresso.
Em um vídeo divulgado na última segunda-feira (17), em grupos de WhatsApp, Bolsonaro anunciou que participará do ato em Copacabana, no Rio de Janeiro, ao lado do pastor Silas Malafaia e de outras lideranças. Também devem ocorrer manifestações em todas as capitais e cidades do interior do país.
As pautas do protesto incluem "liberdade de expressão, segurança, custo de vida, 'Fora Lula 2026' e 'Anistia já'"
Base aliada defende manifestação

O deputado José Medeiros (PL), aliado de Bolsonaro, conversou com o Portal iG – Último nesta quinta-feira (20).
Ele garantiu que estará nos atos pró-Bolsonaro. "Sou totalmente a favor dessas manifestações e vou participar de cada uma delas porque nós estamos sob ataque, estão querendo criminalizar o nosso pensamento", concluiu.
Medeiros manifestou indignação com a denúncia apresentada pela PGR ao STF. Na avaliação dele, a condução das apurações contra o ex-presidente é injusta e se configura como uma "criminalização da opinião de uma parte majoritária da população brasileira".
E questionou a validade das provas, afirmando que o depoimento apresentado foi "coagido" e que "foi mudado várias vezes", comparando a situação de Bolsonaro com os processos envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“É tudo uma montagem muito mal feita pra poder influir no processo eleitoral, somente isso. O que há hoje no Brasil é a criminalização da opinião da opinião de uma parte majoritária da população brasileira. Não podemos concordar com isso, mas sabemos que cabe-nos o Jus Sperniandis porque não temos como nos defender. Essa é a grande verdade”, desabafou.
Oposição crítica Bolsonaro
Em entrevista ao Portal iG – Último Segundo, o deputado Reginaldo Lopes (PT), da base petista, repudiou a convocação de manifestações.
Na opinião dele, os atos não podem ser tratados como uma forma legítima de liberdade de expressão.
"É inadmissível que aqueles que atentam contra a democracia e o Estado Democrático de Direito tentem se valer da própria liberdade política para legitimar um golpe", afirmou.
Para o parlamentar petista, a defesa da democracia exige firmeza e não há espaço para diálogo com quem tenta destruir os princípios democráticos.
“Democracia não é um escudo para golpistas! Quem age com tirania e autoritarismo não pode ter espaço em um regime que preza pela vontade do povo. Defender a democracia exige firmeza: não há diálogo possível com quem quer destruí-la”, completou o deputado.
Reportagem da coluna Vai na Fonte