A Operação Lesa Pátria , da Polícia Federal , consolidou-se em 2024 como muito importante nas investigações sobre os atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023 .
A ação busca identificar e processar financiadores, organizadores e executores dos ataques aos Três Poderes, desvendando uma rede complexa de conspirações, financiamentos e omissões.
Desde o início da operação, a PF cumpriu mandados de busca e apreensão em diversas regiões do Brasil, ampliando o mapeamento das conexões envolvidas.
Além disso, a fuga de investigados para a Argentina mobilizou uma colaboração entre as autoridades brasileiras e argentinas, visando a extradição desses indivíduos.
Inquérito do golpe
A Polícia Federal encontrou indícios de que o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha conhecimento de um plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. No âmbito da operação, quatro militares e um policial federal foram presos, acusados de planejar um golpe de Estado.
Denominado Punhal Verde Amarelo, o plano foi elaborado e impresso no Palácio do Planalto. Entre os envolvidos está o general Mário Fernandes, ex-número dois da Secretaria-Geral da Presidência, que foi preso e indiciado pela Polícia Federal. O grupo utilizava codinomes e técnicas de anonimização para ocultar suas atividades.
As investigações indicam que Bolsonaro teria apresentado uma minuta com teor golpista aos comandantes das Forças Armadas. Ex-comandantes confirmaram o relato, mas o ex-presidente nega qualquer envolvimento no caso. Apesar disso, os indícios levantados pela Polícia Federal levantam dúvidas sobre o papel de Bolsonaro no planejamento e execução das ações.
A investigação também apontou para uma reunião realizada no Palácio do Planalto, antes das eleições de 2022, com discussões relacionadas a um possível golpe. Entre os temas abordados estariam os questionamentos sobre a segurança das urnas eletrônicas.
Investigação do financiamento
As investigações avançaram na análise de transações bancárias e doações que financiaram os atos antidemocráticos.
A PF identificou vínculos entre grupos de extermínio, milícias e apoiadores que forneceram recursos, além de agentes públicos que podem ter facilitado ou ignorado os atos.
Depoimentos
Entre os depoimentos mais impactantes, destacou-se o do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro.
Após fechar um acordo de delação premiada, ele revelou detalhes de planos golpistas, incluindo a operação Punhal Verde e Amarelo, que pretendia impedir a posse de Lula.
Cid também afirmou que o general Walter Braga Netto desempenhou papel central no financiamento e planejamento do suposto golpe, inclusive repassando dinheiro em espécie para ações operacionais.
Prisão de Braga Netto
A prisão de Walter Braga Netto, ocorrida em dezembro, foi baseada em provas de sua atuação como líder nas ações investigadas. A PF recuperou mensagens apagadas que mostravam tentativas de obter informações sigilosas da delação de Mauro Cid.
Além disso, foi identificado que Braga Netto reuniu militares de forças especiais para planejar ações contra autoridades, incluindo monitoramento de membros do Judiciário.
Atentados ao STF
A ameaça ao Supremo Tribunal Federal permaneceu em evidência. Em 2024, novos atentados contra o órgão reforçaram a necessidade de medidas de segurança e investigações contínuas.
Entre os alvos das ações extremistas estavam o ministro Alexandre de Moraes e outros integrantes do Judiciário.
Em novembro, duas explosões fortes atingiram a área externa da Praça dos Três Poderes, em Brasília. Uma pessoa morreu.
Uma das explosões foi de um carro que estava próximo ao anexo IV na Câmara dos Deputados, enquanto a outra foi próxima ao Supremo Tribunal Federal.
Testemunhas afirmaram que os estrondos foram “muito fortes” e ouvidos em áreas próximas, incluindo a Câmara dos Deputados. Segundo as autoridades, as explosões aconteceram em um intervalo de cerca de 20 segundos entre elas. As detonações ocorreram próximo à Praça dos Três Poderes, levando as autoridades a isolar a região para investigação.
Francisco Wanderley Luiz foi o autor da explosão, e morreu. Relatório da PF diz que o 'homem-bomba' realizou um ato intencional para transmitir uma mensagem simbólica.
Impacto das denúncias
Até o momento, o Ministério Público Federal apresentou mais de 1.400 denúncias, resultando em 317 condenações no STF.
Alguns acusados tiveram casos resolvidos por acordos de não persecução penal, enquanto outros enfrentam processos por crimes graves, como tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Rede de propaganda
Outra frente investigativa foca no papel das redes sociais e outros meios de comunicação na incitação e organização dos atos antidemocráticos.
Grupos responsáveis por disseminar mensagens extremistas são alvo de apuração pela PF, visando identificar os líderes das campanhas de desinformação.