Post de Bolsonaro sobre prisão de Braga Netto é visto como recado para general não delatar

Investigadores acham improvável uma delação de Braga Netto, mas não a descartam

Bolsonaro comentou a prisão de Braga Netto em suas redes sociais
Foto: Agência Brasil
Bolsonaro comentou a prisão de Braga Netto em suas redes sociais


A publicação de Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais após a prisão do general Walter Braga Netto , ocorrida no sábado (14), é vista por militares como um aceno para que o general não faça delação premiada, de acordo com o blog da jornalista Andréia Sadi, no g1.

Em uma publicação na rede social X , feita na noite de sábado, Bolsonaro cita a “prisão do general” e questiona: "Como alguém, hoje, pode ser preso por obstruir investigações já concluídas?". O ex-presidente falou também que “Há mais de 10 dias o “Inquérito" foi concluído pela PF, indiciando 37 pessoas e encaminhado ao MP”, reforçando a indagação.

Braga Netto não deve fazer delação

Entre militares e investigadores, a avaliação hoje é que é difícil que Braga Netto venha a aderir a uma delação premiada, em razão de "lealdade militar", de acordo com uma pessoa que acompanha a investigação, em fala obtida pelo g1.

Além disso, avaliam, o general conta com apoio político, demonstrado em postagens de Bolsonaro e de parlamentares, como o senador Rogério Marinho (PL-RN), que chamou a prisão de atropelo. Porém, para os investigadores, a hipótese da delação não pode ser descartada.

Eles lembram do caso de Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle Franco , que se tornou delator após uma negociação aparentemente impossível, e entregou os mandantes do crime.

Fontes ouvidas pelo G1 destacam que a prisão de Braga Netto aumenta a pressão sobre outros generais para que façam delações, devido à possibilidade de penas que podem enfrentar se forem condenados.

Entre os militares, a avaliação é que a maior possibilidade de delação é a do general Mario Fernandes, suspeito de fazer parte de um grupo que planejou o assassinato de Lula (PT) e Alckmin.


O general poderia contar, por exemplo, detalhes de encontros com Bolsonaro, uma vez que Fernandes já disse ter ouvido do ex-presidente que "qualquer ação" poderia acontecer até 31 de dezembro.

No STF, segundo informações do g1, ministros se dizem surpresos com a extensão e a gravidade das ações investigadas pela PF. Eles afirmam que sempre esperaram ações agressivas da família Bolsonaro, mas que estão espantados com a quantidade de generais e militares se envolvendo com o crime, incluindo um plano de assassinato. "Se comportaram como gente do PCC e do Comando Vermelho", teria dito um ministro do STF.