O procurador-geral da República (PGR) , Paulo Gonet, deu parecer favorável à prisão preventiva do general Braga Netto, ex-ministro do governo Jair Bolsonaro (PL) e candidato a vice na chapa do ex-presidente em 2022. O general foi preso neste sábado (14) pela Polícia Federal (PF), no âmbito da investigação sobre uma tentativa golpe de Estado após as últimas eleições presidenciais.
Gonet concordou que a medida era adequada após a PF levantar indícios de que Braga Netto tentou obter dados sigilosos da delação premiada de Mauro Cid, ex-ajudantes de ordens de Bolsonaor.
A manifestação da PGR foi enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF) após determinação do relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, que autorizou o mandado de prisão.
Na manifestação, Gonet defendeu que a prisão preventiva do general garante a ordem pública e a aplicação da lei penal, evitando interferências nas investigações que estão em curso.
“Há provas suficientes de autoria e materialidade dos crimes graves cometidos pelos requeridos e a medida cautelar de prisão está fundamentada em elementos que demonstram risco concreto à ordem pública e à aplicação da lei penal, que indicam que as medidas cautelares diversas da prisão não se revelam suficientes”, escreveu Gonet.
“Nesse contexto, a prisão preventiva requerida afigura-se como medida capaz de garantir a ordem pública, a aplicação da lei penal e a conveniência da instrução criminal, evitando-se a continuidade do esquema criminoso deflagrado e das interferências nas investigações, que seguem em curso”, seguiu Gonet.
Prisão de Braga Netto
Braga Netto foi preso no Rio de Janeiro, após voltar de uma viagem em família a Alagoas.
A PF se baseou nos últimos depoimentos de Mauro Cid e em um documento encontrado na sala do coronel Flávio Peregrino, assessor de Braga Netto, que descrevia perguntas e respostas relacionadas ao acordo de colaboração premiada firmado pelo ex-ajudante de ordens.
“O contexto do documento é grave e revela que, possivelmente, foram feitas perguntas a Mauro Cid sobre o conteúdo do acordo de colaboração realizado por este em sede policial, as quais foram respondidas pelo próprio, em vermelho”, diz o relatório do inquérito sobre a trama golpista.
Além de obstrução de Justiça, há novos elementos de que Braga Netto participou do planejamento e do financiamento do plano golpista, realizando repasses em dinheiro vivo a militares das Forças Especiais, os "kids pretos".
Braga Netto será encaminhado ao Comando Militar do Leste, do qual já foi comandante, onde ficará sob custódia do Exército.