Após operação da PF, Bolsonaro publica vídeo de youtuber pedindo seu assassinato

Vídeo mostra Vina Guerreiro incitando a montagem de um plano para assassinar o ex-presidente junto com seus filhos

 Até o momento, o ex-presidente mantém silêncio sobre a operação e a prisão dos quatro militares
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Até o momento, o ex-presidente mantém silêncio sobre a operação e a prisão dos quatro militares

O ex-presidente Jair Bolsonaro ( PL ) publicou nesta quarta-feira (20), no X (antigo Twitter ), um vídeo de 2019 em que o youtuber Vinícius Guerreiro , conhecido como Vina Guerreiro , incita a montagem de um plano para assassiná-lo junto com seus filhos.

A publicação ocorre um dia após a Polícia Federal realizar uma operação que prendeu quatro militares acusados de  planejar o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ( PT ), do vice Geraldo Alckmin ( PSB ) e do ministro do Supremo Tribunal Federal ( STF ) Alexandre de Moraes .  

O vídeo resgatado por Bolsonaro mostra o youtuber incentivando a esquerda a "comprar armamento" e planejar a morte do então presidente e de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ). Na gravação, Guerreiro afirma:  “Esse cara tem que ser assassinado.”  

O ex-presidente não comentou o conteúdo do vídeo em sua publicação, compartilhando apenas a gravação.  



Contexto da publicação


A postagem de Bolsonaro aconteceu cerca de 24 horas após a operação da PF que revelou um plano de militares ligados ao seu governo para assassinar Lula, Alckmin e Moraes. Segundo as investigações, uma tentativa de execução contra o ministro do STF chegou a ser articulada, mas foi desmobilizada de última hora.  

Bolsonaro, até o momento, mantém silêncio sobre a operação e a prisão dos quatro militares. Investigadores acreditam que as novas revelações reforçam indícios de sua participação em discussões sobre um golpe para impedir a posse de Lula.  

Youtuber se disse arrependido


O vídeo de 2019 gerou repercussão na época e foi investigado pela Polícia Federal a mando de Sergio Moro, então ministro da Justiça. Guerreiro foi enquadrado na antiga Lei de Segurança Nacional, abolida em 2021.  

Em entrevista ao Estadão após a repercussão, Guerreiro se desculpou e afirmou estar arrependido:  

 “Estou com medo e arrependido. Foi um acesso que eu tive, um arroubo, eu cometi muito exagero ali. Eu não tenho nenhuma vontade disso, nem essa ideia de assassinar o presidente. Aquilo foi um grito mesmo de 'chega'", conta

O inquérito contra Guerreiro tramita na Justiça Federal de São Paulo sob sigilo.  

 “Pensar em matar alguém não é crime"  


Os militares presos ontem pela PF enfrentam acusações mais graves, incluindo tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.  

A operação da PF foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes e teve como alvo pessoas envolvidas no planejamento do golpe e dos assassinatos em dezembro de 2022.  

No Senado, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) minimizou a operação, afirmando:  “Pensar em matar alguém não é crime.”  

O comentário gerou críticas e amplia o debate sobre os desdobramentos da investigação envolvendo Bolsonaro e seus aliados.