O ex-presidente Jair Bolsonaro ( PL ) publicou nesta quarta-feira (20), no X (antigo Twitter ), um vídeo de 2019 em que o youtuber Vinícius Guerreiro , conhecido como Vina Guerreiro , incita a montagem de um plano para assassiná-lo junto com seus filhos.
A publicação ocorre um dia após a Polícia Federal realizar uma operação que prendeu quatro militares acusados de planejar o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ( PT ), do vice Geraldo Alckmin ( PSB ) e do ministro do Supremo Tribunal Federal ( STF ) Alexandre de Moraes .
O vídeo resgatado por Bolsonaro mostra o youtuber incentivando a esquerda a "comprar armamento" e planejar a morte do então presidente e de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ). Na gravação, Guerreiro afirma: “Esse cara tem que ser assassinado.”
O ex-presidente não comentou o conteúdo do vídeo em sua publicação, compartilhando apenas a gravação.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) November 20, 2024
Contexto da publicação
A postagem de Bolsonaro aconteceu cerca de 24 horas após a operação da PF que revelou um plano de militares ligados ao seu governo para assassinar Lula, Alckmin e Moraes. Segundo as investigações, uma tentativa de execução contra o ministro do STF chegou a ser articulada, mas foi desmobilizada de última hora.
Bolsonaro, até o momento, mantém silêncio sobre a operação e a prisão dos quatro militares. Investigadores acreditam que as novas revelações reforçam indícios de sua participação em discussões sobre um golpe para impedir a posse de Lula.
Youtuber se disse arrependido
O vídeo de 2019 gerou repercussão na época e foi investigado pela Polícia Federal a mando de Sergio Moro, então ministro da Justiça. Guerreiro foi enquadrado na antiga Lei de Segurança Nacional, abolida em 2021.
Em entrevista ao Estadão após a repercussão, Guerreiro se desculpou e afirmou estar arrependido:
“Estou com medo e arrependido. Foi um acesso que eu tive, um arroubo, eu cometi muito exagero ali. Eu não tenho nenhuma vontade disso, nem essa ideia de assassinar o presidente. Aquilo foi um grito mesmo de 'chega'", conta
O inquérito contra Guerreiro tramita na Justiça Federal de São Paulo sob sigilo.
“Pensar em matar alguém não é crime"
Os militares presos ontem pela PF enfrentam acusações mais graves, incluindo tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.
A operação da PF foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes e teve como alvo pessoas envolvidas no planejamento do golpe e dos assassinatos em dezembro de 2022.
No Senado, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) minimizou a operação, afirmando: “Pensar em matar alguém não é crime.”
O comentário gerou críticas e amplia o debate sobre os desdobramentos da investigação envolvendo Bolsonaro e seus aliados.