Bolsonaro e aliados são indiciados pela PF no inquérito das joias

Ex-presidente da República também foi indiciado no caso de falsificação de cartões de vacinação contra a Covid-19

Relatório foi entregue ao ministro do STF Alexandre de Moraes
Foto: Reprodução
Relatório foi entregue ao ministro do STF Alexandre de Moraes

Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no inquérito sobre a venda ilegal de joias no exterior. Bolsonaro foi indiciado por associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos. O ex-chefe do Executivo nega ter cometido todas as irregularidades. Além dele, outras 11 pessoas foram indiciadas.

O relatório final da PF com detalhes do indiciamento foi enviado ao relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes. O indiciamento, agora, deve ser remetido à Procuradoria-Geral da República (PGR) nos próximos dias.

Além do ex-presidente,  outros aliados e auxiliares de Bolsonaro também foram indiciados pela Polícia Federal. Entre eles, o ex-tenente Mauro Cid, e os advogados Fabio Wajngarten e Frederico Wasseff. Veja todos indiciados abaixo.

Outros indiciados no inquérito das joias:

Bento Albuquerque (ex-ministro de Minas e Energia de Bolsonaro) - apropriação de bens públicos e associação criminosa;
José Roberto Bueno Júnior (ex-chefe de gabinete do Ministério de Minas e Energia) - apropriação de bens públicos, associação criminosa e lavagem de dinheiro;
Julio Cesar Vieira Gomes (auditor-fiscal e ex-secretário da Receita) - apropriação de bens públicos, associação criminosa, lavagem de dinheiro e advocacia administrativa;
Marcelo da Silva Vieira (chefe do gabinete de Documentação Histórica da Presidência da República no mandato de Bolsonaro) - apropriação de bens públicos e associação criminosa;
Marcelo Costa Câmara (ex-assessor de Bolsonaro) - lavagem de dinheiro;
Marcos André dos Santos Soeiro (ex-assessor de Bento Albuquerque)   - apropriação de bens públicos e associação criminosa
Mauro Cesar Barbosa Cid (ex-ajudante de ordens de Bolsonaro) - apropriação de bens públicos, associação criminosa e lavagem de dinheiro;
Fabio Wajngarten (advogado de Bolsonaro e ex-secretário de Comunicação) - lavagem de dinheiro e associação criminosa;
Frederick Wassef (advogado de Bolsonaro) - lavagem de dinheiro e associação criminosa;
Mauro Cesar Lourena Cid (general da reserva do Exército ) - lavagem de dinheiro e associação criminosa;
Marcelo Costa Câmara (ex-assessor de Bolsonaro) - lavagem de dinheiro;
Osmar Crivelatti (assessor de Bolsonaro) - lavagem de dinheiro e associação criminosa.

De acordo com o colunista Igor Gadelha, do Metropoles, a PF não vai requerer a prisão preventiva nem de Bolsonaro, nem dos aliados.


Relembre o caso das joias

Durante uma viagem em outubro de 2021 do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, à Arábia Saudita, o governo Bolsonaro recebeu um conjunto de itens luxuosos da marca suíça Chopard, contendo uma caneta, um anel, um par de abotoaduras, um rosário islâmico conhecido como "masbaha" e um relógio. 

Segundo a Polícia Federal, esses objetos de alto valor foram deliberadamente omitidos dos registros públicos e posteriormente vendidos, visando beneficiar o ex-presidente. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu autorização para a quebra do sigilo fiscal e bancário do presidente e de sua esposa, Michelle Bolsonaro.

Durante as investigações sobre essas joias, a PF solicitou a quebra de sigilo do casal. Moraes declarou existirem "fortes indícios de desvios de bens de elevado valor patrimonial" relacionados às joias negociadas pelo círculo próximo do ex-presidente.

As investigações mostram, ainda, que Bolsonaro e seus aliados levaram para fora do país, no avião presidencial, pelo menos mais quatro conjuntos de bens recebidos pelo ex-presidente em viagens internacionais enquanto chefe de Estado.

Descobriu-se também que o ex-presidente e colaboradores tentaram vender os itens nos Estados Unidos, transportando inclusive as joias no avião presidencial em 30 de dezembro, quando Bolsonaro deixou Brasília rumo a Orlando.

Para a Polícia Federal, o Bolsonaro se aproveitou da estrutura do governo federal para desviar presentes de alto valor dados a ele por autoridades estrangeiras.

Falsificação de certificado de vacinação

Mais cedo, a coluna de Igor Gadelha noticiou que Bolsonaro também foi indiciado no inquérito envolvendo fraudes no cartão de vacinação contra a Covid-19. Em março deste ano, a PF já havia indiciado Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) e outras 14 pessoas no caso.

O inquérito, porém, retornou à PGR para novas diligência, segundo o jornal Estado de Minas. Agora, a PF concluiu o pedido de indiciamento, que será novamente encaminhado à PGR, que decidirá se apresenta, ou não, denúncia ao STF.

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