Nesta quinta-feira (4), a Polícia Federal (PF) deflagrou a segunda etapa da operação Venire , que investiga um suposto esquema de falsificação dos cartões de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de sua filha Laura e de auxiliares próximos.
Os agentes cumprem mandados de busca e apreensão contra o secretário de Transportes e ex-prefeito de Duque de Caxias (RJ), Washington Reis , e contra a secretária de Saúde do município, a médica Célia Serrano.
A suspeita da PF é que os agentes públicos teriam viabilizado a inserção de dados adulterados sobre a vacinação de Bolsonaro e outros beneficiários no SI- PNI (Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações).
Entenda o suposto esquema
Segundo a investigação da PF, o suposto esquema teria inserido informações falsas sobre a aplicação de doses de vacina em Bolsonaro e os outros beneficiários para emitir um certificado de vacinação e burlar as regras para entrada nos Estados Unidos em dezembro de 2022.
"Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes, impostas pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) e destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de Covid-19", diz a PF.
As investigações foram autorizadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a pedido da PGR (Procuradoria Geral da República).
Em março deste ano, a PF indiciou Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ) e outras 14 pessoas no caso.
O inquérito, porém, retornou à PGR para novas diligência, segundo o jornal Estado de Minas. Agora, a PF concluiu o pedido de indiciamento, que será novamente encaminhado à PGR, que decidirá se apresenta, ou não, denúncia ao STF.
Bolsonaro nega que se vacinou
Em depoimento à PF, Bolsonaro disse que não ordenou a inserção de dados falsos na caderneta de vacinação e nem da sua filha, e que só soube do caso quando a investigação começou a ser divulgado pela imprensa, em fevereiro deste ano. O ex-mandatário acrescentou que nunca se vacinou contra a Covid.
"Não tomei a vacina. Nunca me foi pedido cartão de vacina [para entrar nos EUA]. Não existe adulteração da minha parte. Não tomei a vacina, ponto final. Nunca neguei isso. Havia gente que me pressionava para tomar, natural. Mas não tomava, porque li a bula da Pfizer", disse o ex-chefe do Executivo.
Já Mauro Cid ficou em silêncio durante o depoimento. Segundo a defesa, ele não teve acesso aos autos da investigação. No entanto, a esposa dele, Gabriela Santiago Cid, confessou ter usado certificado falso de vacinação contra a Covid-19, e culpou o marido pela adulteração.
PF rebate Bolsonaro
A PF aponta que Bolsonaro sabia da adulteração dos dados no sistema do Ministério da Saúde, pois nunca permitiu o acesso a ele mesmo em questionamentos feitos pela Lei de Acesso à Informação.
"Jair Bolsonaro, Mauro Cid e, possivelmente, Marcelo Câmara tinham plena ciência da inserção fraudulenta dos dados de vacinação, se quedando inertes em relação a tais fatos até o presente momento", diz.
Durante a gestão de Bolsonaro, a PGR, na época chefiada por Augusto Aras, tentou burlar as investigações várias vezes. Entretanto, o órgão passou a apoiar a apuração após a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência.
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