Sanção a jato e violência de gênero: como anda privatização da Sabesp

Ricardo Nunes sanciona lei que destrava privatização da estatal em tempo recorde; votação é marcada por tensão e denúncia de violência de gênero

Foto: Reprodução
Vereadores brigaram na Câmara de São Paulo


Uma cena de confronto e tensão marcou a Câmara Municipal de São Paulo nesta quinta-feira (2) durante a segunda votação do Projeto de Lei (PL) que permite a privatização da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico de São Paulo). A vereadora Luana Alves (PSOL-SP) denunciou o vereador Rubinho Nunes (União Brasil-SP) após uma forte briga, alegando ter sido alvo de "violência de gênero".

O clima tenso na Câmara dos Vereadores não impediu, entretanto, que o presidente da Casa legislativa Milton Leite (União Brasil) enviasse o PL aprovado ao prefeito Ricardo Nunes que sancionou a lei ainda na noite desta quinta-feira (2) em uma edição extraordinária do Diário Oficial.  O prazo para envio do projeto de lei ao executivo é de dez dias. 

Um vídeo que circula nas redes sociais, mostra o momento em que o vereador Robinho Nunes se desentende com a vereadora do PSOL. É possível ouvir gritos de "fascista" por parte da plateia durante o debate contra o parlamentar. 

Em determinado momento, Rubinho Nunes, defensor da privatização da Sabesp, se levanta e vai em direção a Luana Alves, que é contra a medida, aos berros, gerando um clima de tensão e agressividade.

Em entrevista exclusiva ao Portal iG, Luana Alves revelou sua surpresa com a reação do colega, destacando que nunca viu Rubinho agir dessa forma com vereadores homens, nem mesmo de esquerda. Ela classificou a atitude como "violência de gênero" e denunciou o vereador para a Corregedoria da Câmara Municipal de São Paulo.

“Não foi a primeira vez que ele teve falas agressivas, mas nunca vi antes ele ir para cima de alguém.  Ele tentou me intimidar, vindo na minha direção, por conta da diferença física que há entre nós. A postura dele foi muito preocupante, passou do ponto”, diz Luana.

Já no relato à Corregedoria, Luana descreveu o episódio como uma abordagem repentina e violenta de Rubinho, que se aproximou dela aos berros, jogando seu corpo sobre o dela e a empurrando, além de intimidá-la e coagi-la, gerando um sentimento de ameaça. A vereadora ressaltou que Rubinho só interrompeu a investida devido à intervenção de outro vereador presente.

O Portal iG tentou contato com Rubinho Nunes por telefone e e-mail, mas não obteve retorno até o momento. O portal segue aberto para publicar o posicionamento do parlamentar.

Em nota divulgada pelo jornal O Globo, o vereador Rubinho criticou Luana Alves e deu sua versão sobre o ocorrido.

"A Luana está fazendo o tradicional discurso vitimista do Psol. Ela se levantou da cadeira, veio até onde eu estava aos berros, eu apenas a respondi com a igualdade que as feministas tanto pleiteiam", relatou. Por fim, ele “aconselhou” a vereadora a renunciar caso “não aguente um debate”.

Sabesp

A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou a privatização da Sabesp, uma das principais bandeiras do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP). Como a companhia é responsável por cuidar do saneamento básico também da capital, a Câmara Municipal de São Paulo precisa aprovar a mudança para que ela entre em vigor na cidade.

Luana Alves é uma das vozes contrárias à privatização da Sabesp e acredita que a briga com Rubinho Nunes na Câmara Municipal se deu por conta do clima pesado que se instaurou na Casa. "Eu acho que o clima é culpa do governo, que colocou essa votação a toque de caixa. A base governista estava nervosa porque sabe que a votação é frágil juridicamente", explicou a vereadora.

Por outro lado, Rubinho Nunes defende a privatização por ser um liberal, fazer parte da base de Ricardo Nunes (MDB-SP) e acreditar que a iniciativa privada conseguirá cuidar melhor da Sabesp.

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