Braga Netto orientou ataques nas redes contra general Tomás Paiva

PF descobriu que candidato a vice de Bolsonaro pediu para Ailton Barros atacar atual comandante do Exército

Antes de ser declarado inelegível, o general da reserva Braga Netto era considerado um forte nome do campo bolsonarista para concorrer à prefeitura do Rio de Janeiro em 2024.
Foto: Reprodução: Flipar
Antes de ser declarado inelegível, o general da reserva Braga Netto era considerado um forte nome do campo bolsonarista para concorrer à prefeitura do Rio de Janeiro em 2024.

Ex-ministro da Defesa e candidato a vice na chapa de Jair Bolsonaro (PL) em 2022, o general Braga Netto orientou ataques nas redes sociais contra o general Tomás Paiva , atual comandante do Exército. A descoberta foi feita pela Polícia Federal (PF) , que apreendeu mensagens de celular de Braga Netto durante a Operação Tempus Veritatis . A informação foi divulgada inicialmente pelo blog da Malu Gaspar, do O Globo. 

No dia 17 de dezembro de 2022, Braga Netto enviou mensagens para Ailton Barros , capitão expulso do Exército, relatando que Paiva teria visitado  Eduardo Villas Bôas , ex-comandante do Exército.  No diálogo, o ex-ministro da Defesa afirma que Paiva "nunca valeu nada" e indica uma suposta relação do general com o PT (Partido dos Trabalhadores ). Além disso, ele orienta Barros a disparar nas redes sociais uma série de mensagens contra Paiva. 

"É verdade. Pode viralizar", escreveu Braga Netto ao capitão reformado, aliado de Bolsonaro. No entendimento da PF, a ideia do ex-ministro era "manchar" a reputação de Paiva com outras lideranças militares. A troca de mensagens ocorreu cinco dias depois de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ser diplomado presidente da República.

Paiva foi escolhido para assumir o Exército em 7 de fevereiro, substituindo Júlio César Arruda, comandante que perdeu a confiança do governo federal após os ataques de 8 de janeiro.

Paiva não foi o único alvo

Nas conversas interceptadas pela PF, Braga Netto também pediu para Ailton Barros coordenar ataques contra o então comandante da Aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista. No diálogo, o ex-ministro chama Baptista de "traidor da pátria".

"Senta o Pau Batista Junior. Povo sofrendo, arbitrariedades sendo feita (sic) e ele fechado na mordomia. Negociando mordomias. Traidor da pátria. Daí pra frente. Inferniza ele e a família dele", escreveu Braga Netto.

Na sequência, Barros acata a decisão e responde com uma figurinha que diz "desce a chibata". 

Inelegível

Assim como Jair Bolsonaro, o ex-ministro Braga Netto também foi considerado inelegível.  A condenação da dupla ocorreu devido a alegações de abuso de poder político durante as comemorações oficiais do 7 de Setembro de 2022 , com o placar de 5 votos a 2 no TSE. 

A inelegibilidade, desta forma, impediu Braga Netto de se candidatar à Prefeitura do Rio de Janeiro.