PGR afasta servidor alvo de ação da PF sobre tráfico de armas

Operação da PF deflagrada na última semana mirou grupo suspeito de entregar 43 mil armas para os líderes das maiores facções do país

Prédio sede da Polícia Federal, em Brasília
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil - 31/08/2023
Prédio sede da Polícia Federal, em Brasília

Procuradoria-Geral da República (PGR) afastou um servidor investigado em uma  operação da Polícia Federal (PF) relacionada a tráfico internacional de armas. Wagner Vinicius de Oliveira Miranda se tornou alvo da PF após os investigadores rastrearem a movimentação financeira do grupo.

A ação investiga a venda de fuzis para as principais facções criminosas brasileiras. De acordo com decisão da Justiça Federal da Bahia, o servidor agora vai ficar 30 dias afastado do cargo.

A PGR afirmou que Wagner Vinicius ainda não foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF)

"Não há denúncia criminal no caso ainda, o que não impede a aplicação de outras medidas. Desde o início da investigação, foram adotadas todas as providências cabíveis tanto na esfera criminal quanto na administrativa", afirmou o órgão.

A investigação da PF é conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPF na Bahia e está sob sigilo.

O servidor foi um dos alvos de buscas da Operação Dakovo. No último dia 5, a Polícia Federal deflagrou uma operação contra um grupo suspeito de entregar 43 mil armas para os líderes das maiores facções do país, movimentando cerca de R$ 1,2 bilhão.

No total, são cumpridos 25 mandados de prisão preventiva, seis de prisão temporária e 52 mandados de busca e apreensão no Brasil, Estados Unidos e Paraguai. O principal alvo da ação, Diego Hernan Dirísio, está em território português e ainda não foi encontrado.

De acordo com a PF, Dirísio é o maior contrabandista de armas da América do Sul.

A apuração do caso começou a ser feita ainda em 2020, quando pistolas e munições foram apreendidas no interior da Bahia. Os revólveres tinham o número de série raspado, mas a PF conseguiu obter informações das armas após perícia e avançar nas investigações.

Neste período foram feitas 67 apreensões, com o total de 659 armas apreendidas em 10 estados brasileiros: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Ceará.

Três anos depois, a ação que levou à operação de hoje indicou que um argentino, dono de uma empresa chamada IAS, que tem sede no Paraguai, comprava pistolas, fuzis, rifles, metralhadoras e munições de fabricantes de países como Croácia, Turquia, República Tcheca e Eslovênia.

Depois, essas armas eram vendidas para facções brasileiras, especialmente as de São Paulo e do Rio de Janeiro. Doleiros e empresas de fachada no Paraguai e nos EUA também estavam envolvidos no esquema.