O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a cogitar a divisão do Ministério da Justiça e Segurança Pública após os ataques a ônibus na noite de segunda-feira (23) no Rio de Janeiro. A informação foi confirmada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa.
Lula já defendia a possibilidade de divisão desde a campanha eleitoral, mas sofre forte resistência do ministro Flávio Dino. Entretanto, a possibilidade ganhou força nas últimas horas, mas o petista admitiu não ter um plano traçado para a pasta.
“Quando fiz a campanha, eu ia criar o Ministério da Segurança Pública. Ainda estou pensando em criar, pensando quais são as condições que você vai criar, como é que vai interagir com os estados. Porque o problema da segurança é estadual. O que nós queremos é compartilhar com os estados as soluções dos problemas”, disse Lula no podcast ‘Conversa com o Presidente’.
O chefe do Planalto convocou uma reunião nesta quarta-feira (24) para tratar da possibilidade. Além de Costa, o ministro da Defesa, José Mucio, e Dino devem participar do encontro.
Aos jornalistas, Rui Costa admitiu as discussões nos bastidores, mas disse que qualquer acordo só será tomado após apoio de todas as partes.
“Nós estamos discutindo outras medidas e as que ficarem definidas nos próximos dias serão divulgadas. A criação do ministério depende dessas discussões que nós faremos, sobre, eventualmente, qual seria o conteúdo, a proposta, o alcance, para o presidente tomar a decisão”, declarou.
Na segunda, ao menos 35 ônibus e 1 trem foram incendiados na tarde de hoje no Rio de Janeiro (RJ), causando o bloqueio da Avenida Brasil, a principal via expressa da cidade. Dos ônibus queimados, 20 pertencem à operação municipal, cinco do BRT e o restante de frotas de turismo e fretamento.
Os veículos foram queimados pela milícia, como forma de represália à morte do sobrinho do miliciano Zinho, Matheus Rezende, de 24 anos, conhecido como Teteu e Faustão.
Ele foi morto também nesta tarde, em uma operação da Polícia Civil na comunidade de Três Pontes. Em setembro, Zinho e mais cinco suspeitos foram denunciados pela morte do ex-vereador Jerônimo Guimarães, o Jerominho.
As aulas foram suspensas nas escolas públicas da região. Em algumas, alunos e professores que estavam nos colégios permaneceram para se manterem em segurança.
Nas últimas horas, o governo federal autorizou o envio da Força Nacional ao Rio de Janeiro. Entretanto, o Planalto descarta a possibilidade de intervenção federal no estado.