A Polícia Federal investiga se a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) usou o sistema de espionagem para monitorar o ex-deputado federal Jean Wyllys e um funcionário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A informação é do jornal O Globo.
Segundo os investigadores, a Abin teria usado o número de telefone de Wyllys para fiscalizar seus passos durante seu exílio fora do Brasil. O ex-parlamentar deixou o país após relatar ter recebido ameaças de bolsonaristas.
Além de Wyllys, a PF apura se a agência de inteligência monitorou um funcionário de tecnologia do TSE. Há ainda suspeitas de fiscalização contra pessoas próximas ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF).
Na sexta-feira (20), a Polícia Federal realizou uma operação contra servidores a Abin acusados de espionagem ilegal. Foram cumpridos 25 mandados de busca e apreensão e dois de prisão. Os servidores foram exonerados pela Casa Civil neste sábado.
A ferramenta usada foi a "FirstMile", pivô de uma polêmica espionagem de até 10 mil cidadãos em todo o território nacional, através apenas do número do celular da pessoa. O sistema é geralmente utilizado por agências de serviço secreto ou de espionagem de guerra, ou política.
O software foi adquirido em 2018, ainda no governo Michel Temer, por pouco mais de R$ 5 milhões. Segundo as denúncias, há documentos e relatos de servidores sugerem que a utilização do sistema era feita sem qualquer protocolo ou registro oficial.
Os investigadores acreditam que o uso do sistema foi intensificado durante as eleições de 2020. A lista de monitoramento ainda incluía líderes de caminhoneiros e financiadores da greve de 2018.
A PF pretende ouvir outras testemunhas sobre as espionagens na próxima semana. Ainda não está descartada novas fases da operação.