O juiz afastado Eduardo Appio pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para voltar à chefia da 13ª Vara Federal de Curitiba, que abriga os processos da Operação Lava Jato.
Em documento enviado ao ministro da Corte Dias Toffoli, a defesa do juiz afirma que ele é "vítima cruel do lava-jatismo" e que o afastamento dele do cargo tem relação com as críticas que ele fez sobre decisões de ex-autoridades que fizeram parte da operação, como ao ex-juiz e hoje senador Sergio Moro (União Brasil).
A petição, à qual o jornal Folha de S. Paulo teve acesso, os advogados afirmam que o afastamento foi uma ação "desarrazoada e extrema" e que ele é "perseguido exclusivamente em razão do que representa enquanto legítimo contraponto crítico à Operação Lava Jato".
A solicitação aconteceu na mesma semana em que Toffoli decidiu anular a suspeição de Appio nos casos envolvendo a Lava Jato. Ele ainda suspendeu o processo administrativo aberto contra Appio pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).
Antes disso, o TRF-4 havia decidido reconhecer a suspeição do juiz em todos os casos relacionados à operação. A decisão foi unânime entre os magistrados do tribunal e resultou na nulidade de todas as sentenças proferidas por Appio no âmbito da Lava Jato.
Conforme o texto apresentado pelos advogados de Appio, o juiz teria se tornado alvo de pressões em seu ambiente de trabalho desde o primeiro dia, com redução no número de servidores para atuar na vara. De acordo com a defesa, o objetivo dele "sempre foi o de inviabilizar uma prestação jurisdicional que viesse a esbarrar nas ilegalidades perpetradas ao longo dos últimos 10 anos na 13ª Vara Federal de Curitiba".
O magistrado havia sido afastado em maio deste ano pelo Conselho do TRF-4 após ser acusado de ameaçar o filho do desembargador federal Marcelo Malucelli, João Eduardo Barreto Malucelli, ex-sócio do ex-juiz e agora senador Sergio Moro (União-PR).
De acordo com a denúncia, a ligação aconteceu de um número não identificado e a pessoa se apresentou como Fernando Gonçalves Pinheiro, um suposto servidor do setor de saúde da Justiça Federal. No entanto, nenhum funcionário com esse nome atuava no local à época.