Nesta terça-feira (5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que a sociedade "não precisa saber como vota um ministro da Suprema Corte", porque, segundo ele, isso evitaria sentimentos de "raiva" contra os integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF).
"Acho que o cara tem que votar e ninguém precisa saber", disse ele durante transmissão ao vivo nesta manhã, após afirmar que o Brasil tem que "aprender a respeitar as instruções".
"Se eu pudesse dar um conselho, é o seguinte: a sociedade não precisa saber como vota um ministro da Suprema Corte. Acho que o cara tem que votar e ninguém precisa saber. Votou a maioria, 5 a 4, 3 a 2, [não] precisa ninguém saber se foi o [Marcos] Uchoa que votou, se foi o Camilo [Santana] que votou, porque aí cada um que perde fica com raiva, e cada um que ganha fica feliz", afirmou no programa "Conversa com o Presidente".
Na ocasião, o petista ainda disse que uma mudança na divulgação dos votos dos ministros evitaria uma "animosidade" por parte da população.
"Pra gente não criar animosidade, acho que era preciso começar a pensar se não é um jeito da gente mudar o que está acontecendo no Brasil. Porque do jeito que vai, daqui a pouco um ministro da Suprema Corte não pode mais sair na rua, não pode mais sair com sua família, porque tem um cara que não gostou da decisão dele. Então é seguinte: paz e amor. É tudo que esse país precisa", continuou.
Na declaração, Lula não citou exemplos de situações ou nomes. Nas últimas semanas, porém, a indicação do petista do ex-advogado Cristiano Zanin à Corte tem sido alvo críticas devido às posições que o magistrado tem assumido em votações do Supremo, como ao ser contra a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal.
Além disso, o mandatário é pressionado para escolher uma ministra negra para assumir a Corte no lugar de Rosa Weber, que se aposenta o próximo mês. Apesar dos pedidos, como apurou o iG , o petista já apresentou três nomes masculinos em sua lista de preferências para a vaga no STF: Flávio Dino, ministro da Justiça e Segurança Pública; Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU); e Jorge Messias, advogado-geral da União.
Nessa segunda-feira (4), no entanto, durante visita ao Espírito Santo, Dino disse que não tem a intenção de assumir a vaga e que "não houve convite, nem demanda".
"Eu tenho 33 anos de atuação profissional no Direito e sei que não tem candidatura ou campanha para ser ministro do Supremo. É um assunto do presidente da República e não faz parte das minhas cogitações", afirmou.