Um discurso da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) na Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados está circulando nas redes sociais e provocando discussões sobre os direitos das mulheres trans no Brasil. O vídeo do discurso se tornou viral e chamou a atenção para a importância de abordar a inclusão e o respeito às diversas identidades de gênero.
“A sociedade ainda nos enxerga como menos mulher e, ao nos enxergar como menos mulher, também nos enxerga como menos cidadãs, que não merecem proteção, que não podem estar nos esportes, que não podem receber, como a deputada falou, ser consagradas em agremiações e em festivais. Nós temos que estar aonde? Nas esquinas de prostituição, nos cárceres, no drogadicídio? Aonde que é nosso lugar, se também não é aqui discutindo uma agenda de direitos a todas as mulheres? A luta das mulheres transsexuais e travestis desse país nunca excluiu nenhum tipo de mulher. Por que a luta de outras mulheres precisa excluir a nossa existência?”, relatou.
No discurso, Erika respondeu às declarações da deputada Cristiane Lopes (União-RO), que havia falado sobre a presença de mulheres trans em áreas como esporte e concursos de beleza. Hilton destacou a necessidade de reconhecer a diversidade de identidades de gênero.
Ela condenou a prática de desqualificar mulheres trans e argumentou que isso é transfóbico. Hilton afirmou que considerar apenas critérios biológicos ignora a realidade de violência enfrentada pelas mulheres trans e reforça a discriminação.
“As mulheres ‘de verdade’, nas palavras da deputada, estão perdendo espaços para mulheres trans. Que espaços são esses? Porque onde nós estamos é a pergunta que não se calará. Quantas deputadas transsexuais nós temos nessa casa? Quantas médicas travestis temos nesse país? Quantas juízas, advogadas? Queremos espaços dignos na sociedade, direito à cidadania”, continuou a deputada.
Hilton também apontou as dificuldades enfrentadas pelas pessoas trans para acessar espaços de poder e oportunidades de trabalho. Ela ressaltou que discursos transfóbicos prejudicam a busca por igualdade de direitos.
Erika Hilton e Duda Salabert (PDT-MG) foram as primeiras mulheres trans eleitas para o Congresso Nacional em 2022. A atuação delas tem trazido visibilidade às demandas da comunidade trans no legislativo.
“Quando parlamentares eleitas pelo povo usam desse espaço de representação para dizer contra a dignidade dessa população o que nós vemos são travestis que têm seus corações arrancados. O que nós vemos são mulheres transexuais e travestis que não conseguem empregos porque não são consideradas dignas, são expulsas de suas casas, porque existe um sentimento no parlamento brasileiro que corrobora com a cultura de ódio, de preconceito e estigma”, concluiu.
Vídeo:
NÃO PASSARÃO ✊🏾🏳️⚧️
— ERIKA HILTON (@ErikakHilton) August 30, 2023
Hoje uma deputada bolsonarista alegou durante a Comissão da Mulher que mulheres trans estão roubando o "lugar" da "mulher de verdade".
Que preocupação é essa com as mulheres que só aparece na hora de atacar mulheres trans?
Que preocupação é essa que não se… pic.twitter.com/MTIADHMxeR