O advogado de Mauro Cid, Cezar Bittencourt, disse na manhã desta segunda-feira (21) que o tenente-coronel e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro (PL) apontará o ex-presidente como mandante do esquema de venda de joias nos Estados Unidos.
“É uma confissão. [Cid] vai admitir. As provas estão aí, ele vai admitir. Mas isso é início de conversa. Nem falei com o delegado que está com a investigação”, disse a defesa do tenente-coronel à CNN Brasil .
Segundo Cezar Bittencourt, Mauro Cid teria ouvido a seguinte frase de Jair Bolsonaro: "Resolve isso aí, Cid”.
“[Cid] efetuou a venda do relógio nos EUA, daí ia trazer para cá o resultado. Ele era assessor do chefe. Fez isso e procurou entregar para quem o determinou que fosse feito a venda”, disse Bitencourt.
“Ele era assessor, conhecia o presidente, tinha intimidade. Ele recebeu uma determinação e resolveu”, completou.
A declaração do advogado é mais uma reviravolta sobre o caso. Na última quinta-feira (17), a defesa de Cid afirmou à revista Veja que seu cliente iria admitir ter vendido joias da Presidência nos Estados Unidos sob instruções do ex-presidente, entregando posteriormente o dinheiro ao antigo chefe.
Menos de 24 horas depois, Bittencourt voltou atrás e declarou que a confissão de seu cliente não trataria do esquema de desvio de joias sauditas recebidas por Jair Bolsonaro durante viagens oficiais. Na ocasião, Bittencourt culpou a revista por suposto erro de informação.
O caso
Segundo a Polícia Federal (PF), o tenente-coronel negociou joias e relógios nos Estados Unidos com a ajuda do pai, o general Mauro César Lourena Cid. A investigação diz ainda que os itens de alto valor foram omitidos do acervo público e negociados para o enriquecimento ilícito de Bolsonaro.
Na última sexta-feira (11), a PF deflagrou a Operação Lucas 12:2. O nome faz alusão a um versículo bíblico que diz: "não há nada escondido que não venha a ser descoberto".
Foram alvos da operação o tenente-coronel Mauro Cid; o pai dele, o general do Exército Mauro Cesar Lourena Cid; o renente do Exército Osmar Crivellati; e o advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef.
Bolsonaro, embora tenha tido seu nome mencionado como integrante de uma suposta "organização criminosa", não foi alvo da operação.
De acordo com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, há "fortes indícios de desvios de bens de alto valor patrimonial" no caso das joias negociadas pelo entorno do ex-presidente.
Os objetos vendidos de maneira ilegal, segundo a PF, são, por enquanto: um kit da marca suíça Chopard, dois relógios (um da marca suíça Rolex, acompanhado por joias, e outro da marca suíça Patek Philippe) e duas esculturas douradas folheadas a ouro.