Wassef teve desconto de 11 mil dólares na recompra do Rolex nos EUA

O advogado da família Bolsonaro mostrou a jornalistas um recibo em seu nome no valor de US$ 49 mil, e outro, de saque, de US$ 35 mil

Foto: Reprodução
Frederick Wassef afirmou ter recomprado o relógio nos EUA - 15/08/2023

O advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef, admitiu nessa terça-feira (15) ter recomprado o relógio Rolex, que foi vendido ilegalmente nos Estados Unidos pelo ex-ajudante de ordens do ex-presidente, Mauro Cid, com um desconto de 11 mil dólares. "Eu comprei o relógio", revelou Wassef. "A decisão foi minha, usei meus recursos".

Durante uma entrevista coletiva concedida por Wassef em São Paulo nessa terça (15), ele afirmou ter comprado o Rolex com o seu "próprio" dinheiro, em espécie, porque foi garantido um desconto de US$ 11 mil. Ele mostrou um recibo de compra em seu nome, no valor de US$ 49 mil, e outro recibo de saque, de US$ 35 mil. Wassef afirma que a compra foi declarada à Receita.


"Eu tenho a origem lícita e legal dos meus recursos", garantiu o advogado. "Tenho conta aberta nos Estados Unidos, num banco em Miami, e usei o meu dinheiro para pagar o relógio".

Segundo Wassef, o objetivo da compra do Rolex foi "devolvê-lo à União". Ele, ainda, negou ter participação em esquema de desvios de presentes oficiais recebidos por Jair Bolsonaro (PL), e pontuou que só soube da existência das joias após matérias veiculadas na imprensa.

Wassef negou participação em esquema de desvio de presentes oficiais recebidos por Bolsonaro e desafiou autoridades a provarem que ele teria conhecimento das joias antes deste ano.

Ele afirmou que só soube da existência das joias após matérias jornalísticas. Sobre a recompra, o advogado alegou que estava viajando a lazer nos Estados Unidos quando chegou ao seu "conhecimento" a existência de um relógio que precisava ser trazido ao Brasil.

"Chegou ao meu conhecimento que o relógio estava lá. Eu tomei a decisão de comprar. Foi solicitado. Comprei. E fiz chegar ao Brasil. Se quiser perguntar detalhamento, qual voo, que horas você entrou, para quem você deu, nesse momento não posso falar", disse.

"Não foi Jair Bolsonaro e não foi coronel Cid". Na segunda-feira (12), o advogado havia afirmado que "nunca" tinha visto o relógio.

Quem é Wassef?

Frederick Wassef, como advogado, representa o ex-presidente em diferentes processos. Em 2019, ele ganhou projeção quando conseguiu que o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendesse todas as investigações feitas com base no compartilhamento de dados bancários sem autorização judicial, o que incluía a investigação sobre um esquema de rachadinha no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PL).

Em junho de 2020, ele também ganhou projeção após a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor e principal operador do esquema de rachadinha de Flávio.

Queiroz estava escondido no sítio de Wassef, em Atibaia (SP), cujo paradeiro era desconhecido há 1 ano. O advogado havia dito que não sabia onde Fabrício Queiroz estava.